sexta-feira, 10 de agosto de 2012

Um amigo: esperança do coração

“A vida caminha precipitadamente. Perseguimos alguns esquemas flutuantes ou somos perseguidos por algum medo ou autoridade atrás de nós. Mas, se, de repente, encontramos um amigo, paramos; o nosso calor e a nossa pressa tornam-se ridículos. Ora a pausa, ora o domínio são necessários e também a força para encher o momento dos eflúvios do coração. O momento é tudo, em todas as relações nobres.
Uma pessoa divina é a profecia do espírito; um amigo é a esperança do coração. A nossa ventura espera pela concretização destas duas em uma.
Os séculos estão a dilatar essa força moral. Toda a força é a sombra ou o símbolo daquela. A poesia é alegre e forte quando extrai nessa fonte a sua inspiração. Os homens só inscrevem os seus nomes no mundo quando estão cheios deste. A história tem sido ignóbil; as nossas nações têm sido a gentalha; nunca vimos um homem: essa forma divina que ainda não conhecemos, mas apenas o sonho e a profecia de tal; não conhecemos os modos majestosos que lhe são peculiares e que acalmam e exaltam o observador.
Um dia veremos que a energia mais particular é a mais pública, que a qualidade afina com a quantidade e a grandeza de caráter atua na sombra e socorre aos que nunca a viram. O que de grandeza já apareceu são os princípios e estímulos para que prossigamos nesse sentido. A história daqueles deuses e santos que o mundo tem escrito, e depois adorado, são provas de caráter”.
Ralph Waldo Emerson, in O Caráter

Nenhum comentário:

Postar um comentário