sexta-feira, 15 de junho de 2012

Em noite de João Bosco, Criolo domina Prêmio da Música Brasileira

João Bosco cantou quatro canções e agradeceu especialmente a Aldir Blanc (Foto: Wagner Meier / G1)
João Bosco cantou quatro canções e agradeceu especialmente a Aldir Blanc (Foto: Wagner Meier / G1)


O rap paulistano e o coco pernambucano brilharam na cerimônia do democrático Prêmio de Música Brasileira, na quarta-feira, no Teatro Municipal do Rio. Criolo, sensação de 2011, e o desconhecido Herbert Lucena receberam cada um três troféus, de melhor CD e melhor cantor - o primeiro, na abrangente categoria pop/rock/reggae/hip hop/funk; o segundo, na regional. Criolo ganhou também como revelação e Lucena, pelo projeto visual de seu CD.
"Obrigado, rap nacional. Devo tudo isso a você!", agradeceu o rapper no Twitter depois da festa. "Fiquei doidinho, muito feliz A gente manda o disco e espera entrar em alguma categoria. As indicações já foram uma surpresa. Isso dá visibilidade maior ao meu trabalho, vou ter mais espaço", vibrou o esperançoso Lucena, que bancou a gravação e contou com a ajuda de músicos amigos.


Criolo recebe troféu durante o 23º Prêmio da Música Brasileira, na noite desta quarta- feira (13), no Theatro Municipal do Rio de Janeiro (Foto: Wagner Meier / G1)
Criolo recebe um dos três troféus das mãos da apresentadora Zélia Duncan (Foto: Wagner Meier / G1)

Dois artistas em seu segundo CD, duas realidades distintas: com uma legião de seguidores em todo o País, Criolo, avalizado até pela MPB, inicia turnê internacional pela Europa e pelos Estados Unidos; Lucena tenta tornar o coco, o gênero tradicional confinado a Pernambuco, conhecido nacionalmente.
Em sua 23.ª edição, o prêmio sempre teve caráter diverso. Só nele um artista de grande prestígio, mas pouca repercussão, como Dori Caymmi, é consagrado com dois troféus: melhor CD, "Poesia Musicada", e melhor cantor.
Quem também venceu em dose dupla foi Alcione, melhor cantora e melhor CD na categoria canção popular, que abarca sertanejo, brega e artistas mais vinculados ao passado, como Cauby Peixoto (escolhido melhor cantor, e, aos 81 anos, saudado pela plateia de pé).
"Ganhar esses prêmios é muito importante para o meu trabalho. Perdi como arranjador e ganhei como cantor, é algo novo para mim", disse Dori, que mora em Los Angeles, mas está no Rio há três meses por conta do CD.
Na cidade só para a cerimônia, Dom Salvador, lendário pianista de 73 anos que fez fama na bossa nova e há 40 anos também se radicou nos Estados Unidos, era outro nas nuvens com o seu troféu. "Depois de tantos anos fora do Brasil! Nunca vou esquecer esta noite." Outros vencedores denotam a abrangência do prêmio: Gilson Peranzzetta (melhor arranjador), Chitãozinho & Xororó (dupla de canção popular) e Hamilton de Holanda (solista na categoria instrumental).
A estrela da noite foi João Bosco, o "mineiro mais carioca da música brasileira", homenageado do ano, e sua obra de quatro décadas. Suas músicas mais emblemáticas foram cantadas por um time eclético. Milton Nascimento abriu o palco com uma emocionada "Agnus Sei", dos primórdios da carreira de João, impregnada do espírito mineiro.
Zeca Pagodinho e Gaby Amarantos fizeram um medley de "Coisa Feita" e "Incompatibilidade de Gênios", com direito a selinho ao fim. Ivete Sangalo foi de "Corsário"; Alcione deu nova cara a "Quando o Amor Acontece"; Mônica Salmaso e Renato Braz dividiram a recente "Sinhá", parceria com Chico Buarque que logo em seguida seria premiada como canção do ano. O maior sucesso foi o próprio João quem cantou, ao violão magistral: "Papel Machê", acompanhada pela plateia do Municipal, "O Mestre-Salas dos Mares", "Desenho de Giz".
De terno, boné e tênis nas cores do seu time, o Flamengo, o compositor fez um discurso breve e simples. "Agradeço aos amigos do passado e aos contemporâneos que me ensinam até hoje. Aos parceiros, desde Vinicius de Moraes, até os que eu ainda não conheço, e principalmente a meu parceiro de fé Aldir Blanc", disse, enfático. "Essa é uma homenagem à música brasileira, aos compositores, é assim que entendo. Aos grandes compositores que nos deixam esse legado, para continuarmos com a música, sorrindo. "
Roberta Pennafort, in www.tribunadonorte.com.br

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