Você se lembra de seu
primeiro amor? A excitação infindável da novidade, a descoberta de sua faceta
adulta, todos os prazeres e dores…
Agora, imagine se o
objeto desse amor inaugural fosse a pessoa mais famosa – e desejada – do mundo.
Imagine se, ao menos por alguns dias, em seus braços estivesse Marilyn Monroe.
Pois bem, é esse o pano
de fundo de “Sete Dias com Marilyn”
(“My Week With Marilyn”,
de Simon Curtis).
Ali, o enredo se
desenvolve ao redor de Colin Clark (o gracinha Eddie Redmayne), quem, no alto
de seus 23 anos, se vê como o terceiro assistente de diretor de um filme, “O
Príncipe Encantado”, estrelado por ninguém menos que Marilyn Monroe (belíssima
atuação, indicada ao Oscar, de Michelle Williams) e Lawrence Olivier (Kenneth
Branagh) e, de quebra, acaba se tornando amante e confidente da estrela
principal.
Colin, com toda sua
inocência, não apenas se apaixona pela irresistível platinada curvilinea, como
também atua como instrumento para que nós, espectadores, enxerguemos parte da
faceta humana da personagem femme fatale.
Mais do que isso, ao
lado do garoto – e a partir de seu ponto de vista – somos capazes de enxergar
as facetas mais humanas (e frágeis) de Marilyn.
H.L.
Mencken já
alertara que:
“O que os homens tomam como
beleza em si próprios normalmente não passa de uma pompa oca, uma revoltante
ostentação, o espendor superficial de um saracoteio animal (…) Ele sucumbe a um
par de olhos bem pintados, a um torneio gracioso de um corpo, a uma compleição
sintética ou a uma bela amostra de pernas, sem dar a minima atenção ao fato de
que ali pode haver uma mulher inteira, e que as idiossincrasias desse cérebro
são muito mais importantes do que todos os estigmas físicos combinados. (…) O
ideal de seu sexo é sempre uma mulher bonita, e a vaidade e a frivolidade que
costumam acompanhar a beleza tornam-se os totens do encanto”
(MENCKEN, H.L.,O Livro dos Insultos,
Ed. Companhia das Letras).
E é essa fragilidade da
realidade, aliada à potência do desejo, que fazem desse filme tão forte: uma
paixão, em si, já é capaz de transpor quaisquer defeitos da pessoa amada; uma
paixão por uma diva, porém, ultrapassa os últimos limites da razão (humilhação
e subserviência se confundem; idolatria se mistura com ilusão), e faz o pobre
amante querer – incondicionalmente – em vão.
Fonte: blogreverb.wordpress.com (A diva, por Flora)
Nenhum comentário:
Postar um comentário