domingo, 25 de março de 2012

Tudo, nesta vida, é muito cantável.

“Essas desordenadas da vida da gente: tudo o que estoura manso e guampa quieto, e que só tem a razoável explicação para quem está mesmo longe dos motivos. Ao meio do meio duma coisa eu tinha certeza: que Diadorim não ia me mentir. O amor só mente para dizer maior verdade. Diadorim me compensava; por força. Mas, para mandar à minha Otacília assim aquela embaixada, era porque ele soubesse, no zelo de seu coração, que então Otacília me tinha amor. E tanto igual sabia também de mim? Naqueles dias, era. Abrandei minha lembrança em Otacília, que sincera me aguardasse, em sua casa, em seu meigo estar. Agora eu ia indo às avessas de lá, de Santa Catarina, mas, de arribada, minha intenção de saudade vinha voltando. Tudo, nesta vida, é muito cantável.”
Fala de Riobaldo, in Grande Sertão: Veredas, de Guimarães Rosa

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