Graduado em
Letras pela UERN, instituição da qual é hoje pesquisador e professor de
Literaturas Norte-americana e Inglesa, Mariano Tavares fez seu mestrado em
Literatura Comparada pela UFRN. Sua dissertação foi sobre a
performance/performatividade nos poemas do livro "Ariel", da poetisa,
romancista e contista norte-americana Sylvia Plath. Mas outros elementos também
são essenciais às apresentações de Tavares, hoje restritas a teatros. Os
cenários, sempre assinados pelo artista visual e fotógrafo Renato de Melo
Medeiros, a iluminação e os figurinos, muitos criados pelo estilista Henrique
Araujo, corroboram para sua identidade artística.
A formação
musical de Mariano Tavares começou ainda na infância. Seu pai, de quem herdou o
nome e a dramaticidade nas interpretações, foi um famoso e requisitado
seresteiro que se apresentava em Assu e cidades vizinhas.
Na
adolescência, descobriu e encantou-se com o tropicalismo, movimento que
acontecera uma geração anterior a sua. "Foi o encontro que considero mais
definitivo na minha carreira", afirma ele sobre o coletivo vanguardista do
final da década de 1960. "E aqui incluo, além dos compositores e cantores,
alguns poetas e artistas que circundaram o movimento. Toda aquela ideia de uma
música/arte que olhava para dentro de si, para dentro do Brasil, do Sertão, mas
que não se furtava a se deixar contaminar pela contemporaneidade que vinha do
estrangeiro". Mais recentemente, Tavares vem se dedicando ao estudo da
obra dos compositores, cantores e produtores brasileiros Cibelle, que
desenvolveu sua carreira em Londres, e Cícero, o fluminense de Nova Friburgo
que vem recebendo elogios de medalhões da MPB, e dos norte-americanos Antony
Hegarty, líder da banda Antony and the Johnsons, e Rufus Wainwright.
Os primeiros acordes do piano de Humberto Luiz na música "Sem Parar", que abre o disco homônimo de Mariano Tavares, indicam a sofisticação sonora que permeia todas as 11 faixas do segundo álbum da carreira do cantor e compositor assuense. Já a voz suave e de timbre baixo dele explode e se agiganta na dramaticidade de suas interpretações. E as letras de todo o álbum não são pop; elas são poesias sublimes: "E quando os humanos matarem a dor no cartaz/ Terei ido embora/ Será nosso fim/ A deslizar sem parar/ A deslizar sem parar/ Sem parar".
Os primeiros acordes do piano de Humberto Luiz na música "Sem Parar", que abre o disco homônimo de Mariano Tavares, indicam a sofisticação sonora que permeia todas as 11 faixas do segundo álbum da carreira do cantor e compositor assuense. Já a voz suave e de timbre baixo dele explode e se agiganta na dramaticidade de suas interpretações. E as letras de todo o álbum não são pop; elas são poesias sublimes: "E quando os humanos matarem a dor no cartaz/ Terei ido embora/ Será nosso fim/ A deslizar sem parar/ A deslizar sem parar/ Sem parar".
Todas as
músicas são de autoria de Tavares, com exceção de "É Dando Que Se
Recebe", que compôs em parceria com a poetisa e atriz Civone Medeiros;
"It's Not For Us", com o economista e estudante de Direito Hugo
Vargas Soliz; e "Sacrifício", com o cantor e compositor Romildo
Soares. Essa última ganhou clipe veiculado no programa "Canto da Terra",
da TVU, e integra o DVD "Dos Pés à Cabeça", do coral Harmus,
que será lançado neste semestre. A música foi gravada no Salão Nobre do TAM com
Tavares acompanhado apenas pelo coral e pelo pianista Humberto Luiz, seu
maestro e arranjador. Outra exceção é "How Should I Your True Love Know", de William
Shakespeare para "Hamlet". Ela é uma das
canções do álbum em que se pode "ouvir" o silêncio de Tavares
exercitando seu talento também como violonista. Na igualmente ótima "Se Eu
Te Chamar de Baby", que encerra o disco, Tavares executa com suavidade seu
violão e entrega sua voz a versos como "Se eu te chamar de baby/ Vai ser
para ter de volta/ Meu retrato na parede/ E andar sob a chuva com você".
Duas cantoras potiguares da nova geração fazem participações especiais em
"Sem Parar" - que teve a capa e o encarte assinados pelo designer
gráfico Alexandre Oliveira. Katarina Góis canta em "Não Há Segredo" e
Simona Talma em "Para Onde os Sonhos Vão?".
Ficou fora do
CD uma versão de "Age d'Or", do poeta simbolista francês Arthur
Rimbaud que Tavares musicou. O motivo foi a não autorização dos direitos
autorais pelo tradutor Ivo Barroso. Mas ela, assim como outros vídeos de
Mariano Tavares, pode ser conferida no YouTube.
Sílvio Santiago, in Tribuna do Norte
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