Splash! Este é o som de um mergulho de Verão, nas ondas de uma bela praia. Ou talvez da água largada num copo. Mas é também o som que parece sair das fotografias de Markus Reugels. Gota após gota, o artista torna um fenômeno de pequena dimensão numa explosão colorida.
É fim-de-semana. Passa-se uma hora, passam-se duas horas, passam-se três horas. E Markus Reugels continua a fotografar incessantemente. À frente da objetiva, algo minúsculo ganha vida própria através da fotografia macro de alta velocidade. São gotas de água, mas transformadas em dinâmicas cromáticas, embaladas num ritmo próprio e servidas em formas arrojadas.
Ao primeiro olhar parecem cogumelos, explosões de bombas atómicas ou qualquer configuração abstrata que faça equilibrismo entre salpicos. Quando nos apercebemos de que são gotas de água, quase parece mágico demais para acreditar. Todos julgámos ver estes salpicos no quotidiano. Mas como fomos capazes de perder esta magia que agora se torna óbvia nas imagens de Reugels?
O fotógrafo alemão garante que estas esculturas de água não são fruto de manipulação virtual, mas sim o resultado de muita paciência e engenho. Tudo começa pela preparação das próprias gotas. A água leva corantes para adquirir as tonalidades vibrantes, mas também açúcar - o que permite que os salpicos ganhem maior dimensão.
Depois disso, o truque é trabalhar na composição da imagem e na coordenação da cor de fundo com a cor do líquido usado nas fotografias. “Por isso é que preciso entre meia e uma hora, para ter as características de iluminação certas para a fotografia que quero tirar”, explica Reugels. Ao fim de cada série de três horas, saem cerca de cinco fotografias “perfeitas”, adianta ainda o fotógrafo. E “perfeição” é a palavra certa para descrever estas imagens.
Cada fotografia é única, à semelhança do splash que lhe deu forma. Não há dois salpicos iguais, tal como não há duas gotas de água iguais. Daí que, ao olhar o portfólio de Reugels, haja uma curiosidade incessante de ver mais e mais imagens. De nos deslumbrarmos mais e mais.
“São imagens tão bonitas que não conseguimos ver com os nossos olhos, apenas são possíveis com fotografia de alta velocidade”, desabafa o artista, numa tentativa de explicar o que o fascina no trabalho que faz. A curiosidade de fotografar salpicos minúsculos surgiu através de uma comunidade online de fotografia. A partir daí, um mundo novo surgiu para Reugels. Um mundo que deu mais cor e magia ao mundo que julgávamos conhecer bem.
Azul, amarelo, vermelho, verde… Quantas cores cabem numa gota de água? A resposta poderia parecer simples, antes de nos depararmos com o trabalho do fotógrafo. Porém, agora, não há solução para a pergunta. Infinitas cores, em infinitas formas? Reugels continua a disparar a objetiva, à procura da resposta.
Marisa Figueiredo, in obviousmag.org
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