“Toda partícula que voa, sempre encontra um olho”.
Este é, basicamente, o slogan do pessimismo.
Frase essa bem difundida na minha família.
Mestre dos Magos (meu pai, para os íntimos) é o pessimista patriarca. Dele saem todas as certezas de que, no final, tudo vai dar errado.
Acho que ele usou essa técnica como uma maneira primitiva, porém eficaz, de educar os três filhos jornalistas. Acho, inclusive, que ele inventou a técnica justamente quando os três resolveram ser jornalistas.
Não lembro de ele ser assim tão “copo meio vazio” enquanto tentava nos convencer a seguir engenharia ou medicina.
Quando mostramos o diploma (que hoje não serve de nada) ele deve ter pensado:
-“Isso não vai dar certo”.
E assim, foi apurando sua teoria de que as coisas podem piorar, você é que não tem imaginação.
Outro dia, observando uma pintura bucólica, com o desenho de uma casinha na beira de um lago cercada de árvores, ele soltou:
- “Aí deve ter muriçoca (pernilongo em pernambuquês) que só a peste!”
- Pai, é um quadro. Não tem muriçoca em quadro.
Mas na prática é assim mesmo, “todo corpo mergulhado numa banheira, faz tocar o telefone”!
Agora, imagine o estado de surpresa que se encontra toda a família lei de murphy, vendo algumas coisas darem certo no, quase, final do ano!
A Rocinha foi ocupada sem nenhum morto/ferido
A violência em Pernambuco diminuiu (pouco, mas diminuiu).
O bebê sequestrado de uma maternidade pública do Recife foi encontrado.
Um tubarão tentou, sem sucesso, matar outro surfista no litoral pernambucano.
O ministro corrupto caiu.
Faz dois dias que meu carro não cai em nenhum buraco.
Será uma maré de sorte?
Estou sentindo uma vontadezinha (de nada) política?
Será a proximidade das eleições?
Desse jeito, vou terminar sem ter assunto para escrever essa crônica. Ficou todo mundo legal/honesto/trabalhador de uma hora para outra.
Sabe o que eu acho? Que todo ano deveria ser véspera de eleição.
A coluna de Téta Barbosa, in Besta Fubana
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