“A criança vive normalmente com o tempo, integra-se à corrente, como se fosse fundamental à inocência infantil o profundo e repousante desinteresse pela passagem das horas e pela aproximação gradativa da decadência-e-morte. A perda da inocência, da naturalidade ou conformidade com o mundo, equivale a adquirir consciência da velhice e da morte. Perdemos a inocência quando aprendemos a olhar as horas. Mais importante que tudo, o tempo do adulto é um imposto cobrado pela inteligência do mundo, um peso de que fomos libertos na infância e de podemos nos livrar em estados excepcionais de pureza, de contemplação, de prazer, de intoxicação ou de loucura”.
Paulo Mendes Campos, excerto de Sentimento do Tempo, in Trinca de Copas
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