sexta-feira, 28 de março de 2025

Soneto da mulher ao sol

Uma mulher ao sol – eis todo o meu desejo

Vinda do sal do mar, nua, os braços em cruz

A flor dos lábios entreaberta para o beijo

A pele a fulgurar todo o pólen da luz.


Uma linda mulher com os seios em repouso

Nua e quente de sol – eis tudo o que eu preciso

O ventre terso, o pêlo úmido, e um sorriso

À flor dos lábios entreabertos para o gozo.


Uma mulher ao sol sobre quem me debruce

Em quem beba e a quem morda e com quem me lamente

E que ao se submeter se enfureça e soluce


E tente me expelir, e ao me sentir ausente

Me busque novamente – e se deixa a dormir

Quando, pacificado, eu tiver de partir…


A bordo do Andrea C, a caminho da França, 11.1956

Vinicius de Moraes, em Para viver um grande amor

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