Ananias olhou a folhinha: 11. 11 de setembro. Tomou uma cafiaspirina. Deitou-se. Sobre a cadeira fulgem agora o metal dos óculos, o monograma do relógio, o vidro do copo. Fulgem, nos travesseiros, os seus cabelos grisalhos. O resto é sombra. Dorme, Ananias,
que o bicho tutu
já vem te pegar…
Noite adentro, a alma de Mestre Rembrandt vai enchendo de sombra e prata o lívido interior de cinema mudo. De sombra e prata, e irreparável tristeza... Mas o mais triste de tudo é que eu não conheço nenhum Ananias neste mundo. E um dia Deus me pedirá contas de mais essa vida inútil, sem finalidade…
Mário Quintana, em Sapato Florido
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