Se
partiste, não sei.
Porque
estás,
tanto
quanto sempre estiveste.
Essa
tua,
tão
nossa, presença
enche
de sombra a casa
como
se criasse,
dentro
de nós,
uma
outra casa.
No
silêncio distraído
de
uma varanda
que
foi o teu único castelo,
ecoam
ainda os teus passos
feitos
não para caminhar
mas
para acariciar o chão.
Nessa
varanda te sentas
nesse
tão delicado modo de morrer
como
se nos estivesses ensinando
um
outro modo de viver.
Se
o passo é tão celeste
a
viagem não conta
senão
pelo poema que nos veste.
Os
lugares que buscaste
não
têm geografia.
São
vozes, são fontes,
rios
sem vontade de mar,
tempo
que escapa da eternidade.
Moras
dentro,
sem
deus nem adeus.
Mia Couto, em Vagas e Lumes
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