Nascem
as minas de Guanajuato
– Na
paz de Deus, irmão.
– Que
assim seja, viajante.
Encontram-se
os arrieiros que vêm da Cidade do México e decidem acampar. Fez-se
noite e nas sombras espreitam os que dormem de dia.
– Não
é aquele o morro do Cubilete?
– Dos
malfeitores, deveria chamar-se.
Mestre
Pedro e Martin Rodrigo vão para Zacatecas, buscar fortuna naquelas
minas, e levam o que têm, umas poucas mulas, para vendê-las a bom
preço: ao amanhecer, continuarão o caminho.
Juntam
alguns galhos, sobre um colchão de folhas secas, e os rodeiam de
pedras. O ferro castiga o pedernal, a chispa se faz chama: cara ao
fogo, os arrieiros contam suas histórias, suas má sortes, e estão
nessa quando um dos dois, entre farrapos e nostalgias, grita:
– Brilham!
– O
quê?
– As
pedras!
Martin
Rodrigo salta até o céu, esquálida estrela de cinco pontas à luz
da lua, e Mestre Pedro arrebenta as unhas contra as pedras quentes e
queima os lábios beijando-as.
Eduardo Galeano, em Os Nascimentos
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