quinta-feira, 7 de novembro de 2024

1548 – Guanajuato

Nascem as minas de Guanajuato

Na paz de Deus, irmão.
Que assim seja, viajante.
Encontram-se os arrieiros que vêm da Cidade do México e decidem acampar. Fez-se noite e nas sombras espreitam os que dormem de dia.
Não é aquele o morro do Cubilete?
Dos malfeitores, deveria chamar-se.
Mestre Pedro e Martin Rodrigo vão para Zacatecas, buscar fortuna naquelas minas, e levam o que têm, umas poucas mulas, para vendê-las a bom preço: ao amanhecer, continuarão o caminho.
Juntam alguns galhos, sobre um colchão de folhas secas, e os rodeiam de pedras. O ferro castiga o pedernal, a chispa se faz chama: cara ao fogo, os arrieiros contam suas histórias, suas má sortes, e estão nessa quando um dos dois, entre farrapos e nostalgias, grita:
Brilham!
O quê?
As pedras!
Martin Rodrigo salta até o céu, esquálida estrela de cinco pontas à luz da lua, e Mestre Pedro arrebenta as unhas contra as pedras quentes e queima os lábios beijando-as.

Eduardo Galeano, em Os Nascimentos

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