Cansado
até dos deuses que não são…
Ideais,
sonhos... Como o sol é real
E
na objetiva coisa universal
Não
há o meu coração…
Eu
ergo a mão.
Olho-a
de mim, e o que ela é não sou eu.
Entre
mim e o que sou há a escuridão.
Mas
o que são a isto a terra e o céu?
Houvesse
ao menos, visto que a verdade
É
falsa, qualquer coisa verdadeira
De
outra maneira
Que
a impossível certeza ou realidade.
Houvesse
ao menos, som o sol do mundo,
Qualquer
postiça realidade não
O
eterno abismo sem fundo,
Crível
talvez, mas tenho coração.
Mas
não há nada, salvo tudo sem mim.
Crível
por fora da razão, mas sem
Que
a razão acordasse e visse bem;
Real
com coração, inda que […]
Fernando Pessoa, em Poesias inéditas e poemas dramáticos
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