Novembro
de 1946
Preciso
escrever à senhora mais uma vez para lhe dizer o quanto fiquei
deleitado ao receber a deliciosa foto – Roma 1946 – e o seu
bilhete. Quanto aos originais perdidos – que se danem – não
prestavam mesmo – talvez com exceção de alguns esquetes violentos
que fiz enquanto parasitava meus pais em Los Angeles. Mas tal troço
é porcaria: eu sou um poeta, et al.
A
bebida ainda me faz titubear – máquina de escrever já era. Mesmo
assim, ha ha, imprimo meu material à mão, em tinta. Consegui me
livrar de três contos razoáveis e quatro poemas insatisfatórios
para a Matrix, uma “pequena revista” um tanto antiquada da
Filadélfia.
Sou
realmente uma pessoa nervosa demais para pegar carona até Washington
para visitar a senhora. Eu iria me desmanchar em pedacinhos quaternos
de todos os tipos. Mas obrigado mesmo. A senhora tem sido muito
decente, muito.
Talvez
eu lhe mande algo em breve, mas não por enquanto. Seja lá o que
isso queira dizer.
Charles Bukowski, em Escrever para não enlouquecer
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