Há trovões arrastando pesados móveis, enormes cômodos pelo céu. Há outros que trabalhar não é com eles e ficam resmungando, num desvão. Por fim atracam-se. As lâmpadas, lá-alto, queimam-se em sucessivos relâmpagos, enquanto o poeta descarrega os nervos. Até que tudo vasa e se extravasa sobre o desespero dos guarda-chuvas em fuga e a verde alegria das árvores.
Mário Quintana, em Porta giratória
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