sexta-feira, 19 de julho de 2024

A primeira aventura

O corpo se esfez na terra:
O sopro que Deus lhe dera
Está livre como o vento.

Nunca pensou que pudesse
Andar por tantas lonjuras
Como anda o pensamento.

Mas não era de turismos…

Voltou, ficou por ali…
Leu o resto de uma página
Que deixara interrompida…
Sentou no topo da escada.

Sentou à beira da estrada.
Morte — que grande estopada!

Até que um Anjo Glorioso
Passou
Olhou
Não viu nada...

um anjo tão esplendente
que a própria luz o cegava!

Mário Quintana, em Antologia Poética

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