sempre
que o senhorio e a senhoria se
embebedam
de cerveja
ela
vem aqui e bate na minha porta
e
eu desço e bebo cerveja com eles.
eles
cantam canções das antigas e
ele
fica bebendo até
cair
no chão com cadeira e tudo.
então
eu me levanto
ergo
a cadeira e lá está ele junto à mesa de novo
segurando
uma lata de cerveja.
a
conversa sempre chega
no
Buffalo Bill. eles acham o Buffalo Bill
muito
engraçado. então sempre pergunto,
qual
é a última do Buffalo Bill?
ah,
se deu mal. prenderam ele.
vieram
e levaram.
por
quê? mesma coisa. só que dessa vez foi uma
mulher
das Testemunhas de Jeová. Ela
tocou
a campainha e ficou ali parada
falando
e ele mostrou o negócio
dele,
sabe.
ela
veio e me contou
e
eu disse a ela “por que você incomodou aquele
homem?
por que você tocou a campainha dele? ele não
estava
te fazendo nada!”
mas
não, ela teve que
ir
lá denunciar às autoridades.
ele
me ligou da cadeia, “bem, eu fiz
de
novo!” “por que você fica fazendo isso?”, eu
perguntei.
“sei lá”, ele disse, “sei lá
o
que me faz fazer isso!” “você não devia fazer
isso”,
eu disse. “eu sei que não devia fazer
isso”,
ele me disse.
quantas
vezes ele fez isso?
meu
deus, sei lá, 8 ou 10 vezes. ele faz
isso
toda hora. mas ele tem um bom advogado,
ele
tem um advogado bom
pra
burro.
pra
quem vocês alugaram o apê dele?
ah,
a gente não aluga o apê dele, sempre deixamos
o
lugar pra ele. gostamos dele. eu te contei sobre
a
noite em que ele estava bêbado lá fora na grama
pelado
e um avião passou no alto e ele
apontou
as luzes, só dava pra ver
as
luzes traseiras e tal e ele apontou
as
luzes e gritou “EU SOU DEUS,
EU
BOTEI ESSAS LUZES NO CÉU!”.
não,
você não me contou essa.
toma
uma cerveja primeiro e aí
eu
te conto.
eu
tomei uma cerveja
primeiro.
Charles Bukowski, in Sobre bêbados e bebidas
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