Página
branca onde escrevo. Único espaço
de
verdade que me resta. Onde transcrevo
o
arroubo, a esperança, e onde tarde
ou
cedo deposito meu espanto e medo.
Para
tanta mentira só mesmo um poema
explosivo-conotativo
onde
o advérbio e o adjetivo não mentem
ao
substantivo
e
a rima rebenta a frase
numa
explosão da verdade.
E
a mentira repulsiva
se
não explode pra fora
pra
dentro explode
implosiva.
Affonso Romano de Sant’Anna, in A implosão da mentira e outros poemas
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