Sombra
mantuana, o poeta se encaminha
ao
inframundo deserto, onde a corola
noturna
desenrola seu mistério
fatal
mas transcendente: àqueles paços
tecidos
de pavor e argila cândida,
onde
o amor se completa, despojado
da
cinza dos contatos. Desta margem,
diviso,
que se esfuma, a esquiva barca,
e
aceno-lhe: Gentil, gentil espírito,
sereno
quanto forte, que me ensinas
a
arte de bem morrer, fonte de vida,
uniste
o raro ao raro, e compuseste
de
humano desacorde, isento, puro,
teu
cântico sensual, flauta e celeste.
Carlos Drummond de Andrade, in Fazendeiro do ar
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