segunda-feira, 22 de janeiro de 2024

Laranja Mecânica | Parte 2


Capítulo 1

Qual vai ser o programa, hein?
Reinicio agora, e esta é a parte realmente chorosa e assim trágica da história que está começando, meus irmãos e únicos amigos, na Prisesta (quer dizer, Prisão Estatal) numero 84-F. Vocês não vão querer esluchar toda a quelenta e horrível rascadze do choque que deixou meu pai brandindo os rúqueres machucados e croventos assim contra o injusto Bog dos Céus e minha mãe abrindo a rote num aiiiii aiiiii na sua dor de mãe porque o seu filho, o único do seu ventre, tinha deixado todo mundo na mão muito horrorshow. E depois teve também o estarre magistrado muito sinistro no tribunal de primeira instância govoritando alguns eslovos duros contra o Vosso Amigo e Humilde Narrador, e depois todas as gréjines e quelentas calúnias escarradas por P. R. Deltoid e os rodzes, que Bog os fulmine. E depois teve o recambiamento pra imunda Detenção, no meio dos prestúpniques vonentos e pervertidos. Depois, teve o julgamento no tribunal de segunda instância, com juizes e um júri e alguns eslovos realmente muito grosseiros e govoritados de modo assim muito solene, e depois Culpado e minha mãe buuuuuuu quando disseram Catorze anos, ó meus irmãos. Portanto, cá estava eu, exatamente dois anos depois daquele dia em que fui chutado e trancado na Prisesta 84-F, vestido no rigor da moda presidiária, que era uma roupa de uma só peça, cor de quel assim muito suja e com o número costurado nos meus grudes, logo acima do tique-taque e nas costas também, de modo que, para todos os efeitos, eu era o 6655321, e não mais o vosso druguinho Alex.
Qual vai ser o programa, hein?
Não tinha sido assim edificante, deveras não tinha, ficar dois anos nesse gréjine buraco do inferno, unia espécie de jardim zoológico humano, sendo chutado e toltchocado por carcereiros brutais e valentões e conhecendo criminosos vonentos de olhar atravessado, alguns deles autênticos pervertidos prontos a desencaminhar um jovem maltchique gostoso como este que vos fala. E a gente tinha que rabitar na oficina, fazendo caixas de fósforos, e itar rodando, rodando, rodando em volta do pátio assim pra fazer exercício, e de noite, às vezes, um veque estarre qualquer com pinta de professor fazia palestras sobre escaravelhos ou a Via Láctea, ou as Gloriosas Maravilhas do Floco de Neve, e essa última me fazia dar bons esmeques, porque me lembrava do tempo dos toltchoques e do Puro Vandalisnio, como aquele dede saindo da Bíblio Pública numa noite de inverno, quando os meus drugues ainda não eram traidores e eu era assim livre e feliz. Desses drugues, eu só tinha esluchado uma coisa, isso foi num dia em que meu pê e eme vieram me visitar e me contaram que Georgie já era morto, morto sim, meus irmãos. Estava morto com um montinho de quel de cachorro na rua. Georgie tinha levado os outros dois à casa de um tcheloveque assim muito rico e eles tinham chutado e toltchoeado o dono da casa no chão, e depois Georgie tinha começado a rasrezar as almofadas e as cortinas e o Tapado tinha quebrado alguns adornos preciosos como estátuas e coisas assim, e o rico tcheloveque espancado tinha se enraivecido como um bezúmine e tinha partido pra cima deles com uma barra de ferro muito pesada. O fato dele estar muito rasdraz tinha dado a ele uma força gigantesca, e o Tapado e Pete tinham fugido pela janela, mas Georgie tinha tropeçado no tapete e aí levou aquela porrada que lhe estraçalhou a cabeça e acabou-se o traiçoeiro Georgie.
O estarre assassino tinha escapado por legítima defesa e estava realmente tudo muito certo. Mataram Georgie, mesmo mais de um ano depois de eu ter sido apanhado pelos milicentes, tudo isso estava muito certo e era assim, o Destino.
Qual vai ser o programa, hein?
Eu estava na Capela Wing, que era domingo de manhã e o carlitos da prisão estava govoritando a Palavra do Senhor. Meu rábite era tocar o estarre estéreo, botando musica solene antes, depois e no meio também, quando cantavam hinos. Eu estava nos fundos da Capela Wing (tinha quatro aqui na Prisesta 54-E), perto de onde os carcereiros ou tchassos ficavam com os seus rifles e suas imundas queixadas bolches, azuis e brutais, e eu podia videar todos os plenes sentados esluchando o Eslovo do Senhor em suas horríveis roupas de prisão cor de quel, e uma espécie de vone nojento exalava deles, não como se realmente não estivessem lavado, não gredzes, mas assim um vone especialmente muito fedorento, que a gente só sente nos criminosos, meus irmãos, um vone assim de poeira, de graxa, sem esperanças. E eu estava pensando que talvez eu também estivesse com aquele vone, que eu também tivesse me tornado um autêntico plene, apesar de muito jovem. Por isso é que era tão importante pra mim, ó meus irmãos, sair desse zôo gréjine tão depressa quanto fosse possível e, como vocês vão videar, se continuarem lendo, não faltava muito pra isso.
Qual vai ser o programa, hein? – disse o carlitos da prisão pela terceira raze. – Vai ser entra e sai e entra e sai de instituições como esta, se bem mais que entra do que sai, para a maioria de vocês, ou vocês vão prestar atenção à Palavra Divina e compreender os castigos que esperam o pecador impenitente no outro mundo, tanto quanto neste? A maioria de vocês não passa de um bando de imbecis vendendo seus direitos de nascença por um pires de papa fria. A emoção do roubo, da violência, a necessidade de vida fácil – tudo isso vale a pena, quando temos provas insofismáveis; sim, sim, incontroversas de que o inferno existe? Eu sei, eu sei, meus amigos, eu fui informado em visões de que existe um lugar, mais escuro do que qualquer prisão, mais quente do que qualquer chama de fogo humano, onde as almas dos pecadores criminosos impenitentes como vocês – e não debochem de min, malditos, não achem graça –, como vocês, estou lhes dizendo, gritam em agonia interminável e infinita, as narinas sufocadas pelo odor de imundície, a boca entalada de sujidade escaldante, a pele caindo e apodrecendo, uma bola de fogo rodando nas suas entranhas que gritam. Sim, sim, eu sei.
Neste ponto, irmãos, um plene num ponto qualquer da fila de trás fez um som chumento com os lábios – “Prrrrrrrrp” – e aí os tchassos brutais puseram mais uma vez mãos à obra, correndo muito escorre para onde eles acharam que ficava a origem do som, batendo feio e distribuindo toltchoques prum lado e pro outro.
Depois agarraram um pobre plene trêmulo, muito magro e malenque e estarre também, e arrastaram ele pra fora, mas o tempo todo ele critchava: “Não fui eu não, foi ele, viu?”, mas isso não fez a menor diferença. Ele foi toltchocado feio e forte e arrastado pra fora da Capela Wing, critchando de arrebentar.
Bom – disse o carlitos da prisão –, escutem a Palavra do Senhor. - Então ele pegou o grande livro e começou a passar as páginas, sempre molhando os dedos e pra isso os lambia, eslupe eslupe. Era um sacanão boiche e troncudo, de litso muito vermelho, mas gostava muito de mim, porque eu era jovem e também muito interessado no grande livro. Tinha sido providenciado, como parte da minha educação complementar, que eu lesse o livro e até mesmo ouvisse música no estéreo da capela enquanto lia, ó meus irmãos. E isso era muito horrorshow. Eles me trancavam assim lá dentro e me deixavam esluchar a linda música de J. S. Bach e G. F. Handel, e eu lia sobre aqueles brutalhões estarres se toltchocando uns aos outros e depois pitando o seu vino hebreu e indo assim pra cama com as aias das suas mulheres, muito horrorshow.
Isso me ajudava a ir levando, meus irmãos. Eu não copetei lá muito bem a parte final do livro, que tem assim mais govorite de pregador do que briga e entra-sai-entra-sai. Mas um dia o Charles me disse, me abraçando assim apertado com o seu rúquer bolche e carnudo: “Ah, 6655321, pense no sofrimento divino. Medite sobre isso, meu filho!” E ele tinha sempre aquele vone rico e másculo de escocês, que a gente ia sempre ao cantora dele pra pitar mais um bocadinho. E aí eu lia tudo sobre a flagelação e a coroa de espinhos e depois a véssiche da cruz e aquela quel toda, e videava melhor que aquilo encerrava alguma coisa. Enquanto o estéreo tocava trechos do lindo Bach, eu fechava os glazes e me videava ajudando e até me encarregando dos toltchoques e de pregar os cravos, vestido com uma toga, que era o rigor da moda romana. Portanto, ficar na Prisesta não foi tanto perda de tempo assim, e o próprio Diretor ficou muito satisfeito de ouvir que eu tinha passado a gostar de religião, e era nisso que eu depositava as minhas esperanças.
Naquele domingo de manhã, o carlitos leu no livro sobre tcheloveques que eslucharam o eslovo e não deram a menor bola de estar a dome assim construída sobre a areia, e aí veio a chuva esplache e bumbumbum estalou no céu e lá se foi a tal dome. Mas eu achei que só um veque muito tapado ia construir a própria dome em cima da areia e que ele tinha um bando de drugues que eram uns auténticos gozadores e vizinhos calhordas, que ninguém falou pra ele que tapado que ele era fazendo a obra daquele jeito. Aí, o Charles critchou: “Certo, cambada. Vamos terminar com o número 435 do Hinário dos Detentos.” Ai houve um trasque e plope e zuche zuche zuche enquanto os plenes pegavam, soltavam e viravam as páginas dos seus hinários gredzes e malenques e os brutamontes raivosos dos guardas critchavam: “Parem de falar aí, seus sacanas! Tô de olho em você, 920537!” É claro que eu já estava com o disco pronto no estéreo e aí foi só deixar a singela música para órgão entrar, envolvendo tudo com um grrrrooooouuooooouu. Então os plenes começaram a cantar que era realmente um horror:
Nós somos chã fraco, misturado há pouco,
Mas mexer faz tudo ficar forte.
Não comemos da comida dos anjos,
E longa provação é a nossa sorte
Eles como que choravam e uivavam esses eslovos imbecis, com o carlitos assim vergastando:
Mais alto, amaldiçoados, cantem, anda!”, e os carcereiros critchando “Você vai ver, 7749222!” e “O que é teu tá guardado, seu porco!” Depois acabou tudo e o carlitos disse: “Que a Santíssima Trindade vos guarde sempre e vos faça bons, amém.” E o arrastar de pés da saída começou com um trechinho seleto da Sinfonia nº 2 de Adrian Schweigselber, escolhido aqui pelo Vosso Humilde Narrador, ó meus irmãos. Que cambada aquela, pensava eu enquanto ficava lá perto do estarre estéreo da capela videando eles arrastando os pés pra sair e fazendo marrre e béééé como uns bichos e me fazendo sinal de enfiar no cu com seus dedos gréjines, porque parecia que eu tinha privilégios muito especiais. Depois que o último deles tinha arrastado os pés pra fora os rúqueres caídos que nem macaco, e o único carcereiro que ainda restava saiu, dando-lhe um toltchoque por detrás do gúliver, e depois que eu desliguei o estéreo, o carlitos veio até mim, dando baforadas num câncer, ainda com as suas estarres pletes de homemdebog, toda branca e rendada que nem de devótcheca.
Ele disse:
Como sempre, muito obrigado, 665531. Quais são as novidades que você tem pra mim hoje? – Eu sabia que o negócio era que esse carlitos estava querendo virar um santo tcheloveque no mundo da Religião nas prisões e que ele queria um testemunho muito horrorshow do diretor; por isso, de vez em quando ele ia e govoritiva muito na moita com o diretor a respeito de que negras tramas estavam fervilhando entre os plenes, e muita dessa quel ele obtinha de mim. Muita coisa era assim tudo inventado, mas muita coisa era verdade, como, por exemplo, da vez que tinha chegado até à nossa cela, pelos encanamentos toquetoque toquetoque, que o Harriman grandão ia fugir. Ia dar um toltchoque no carcereiro na hora ia refeição e sair com as pletes do guarda. Aí ia haver uma baita jogação da píchetcha horrenda que nos serviam no refeitório, e eu sabia disso e contei. Então o carlitos passou adiante e foi felicitado pelo diretor por ter Espírito Público e Ouvidos Atentos. Por isso daquela vez eu disse e não era verdade:
Bem, reverendo, chegou pelos encanamentos que uma partida de cocaína chegou por meios ilícitos e que uma das celas da Galeria 5 vai ser o centro distribuição.
Tudo isso eu inventei enquanto ia falando, como tantas outras histórias dessas que eu já tinha fabricado, mas o carlitos da prisão ficou muito agradecido, dizendo: – Ótimo, ótimo, ótimo, ótimo. Vou levar essa ao Próprio – que era assim que ele chamava o Diretor. Aí, eu filei:
Reverendo, eu estou fazendo o que posso, não estou? – Eu sempre usava a minha muito polida golosse de cavalheiro, quando govoritava com o pessoal lá de cima.
Eu tenho feito o que posso, reverendo, não tenho?
Eu acho – disse o carlitos – que no geral você tem, 6655321. Você tem Sido muito útil e, acho eu, mostrando um desejo autêntico de se recuperar. Você, se continuar assim, vai ganhar o seu indulto sem problema algum.
Mas, reverendo – disse eu –, e essa novidade de que eles estão falando agora? Que tal esse novo tratamento que tira a gente assim da prisão logo logo e assegura que a gente não volta nunca mais.
Ué – disse ele muito desconfiado. – Onde foi que você ouviu isso? Quem lhe falou desse negócio?
Essas coisas correm, reverendo – disse eu. – Dois guardas conversam, por exemplo, e a gente não pode deixar de escutar o que eles estão falando. Ou então alguém pega um pedaço de papel de jornal na oficina e o jornal conta tudo. Que tal o senhor me inteirar desse negócio, se é que o senhor permite a liberdade de dar a sugestão?
Eu podia videar que ele estava pensando no assunto enquanto puxava o seu cancerzinho, avaliando o quanto ele ia poder contar do que sabia a respeito dessa véssiche de que eu tinha falado. Aí, ele disse: – Suponho que você esteja se referindo á Técnica Ludovico. – Ele continuava muito cauteloso.
Não sei como se chama, reverendo – eu falei. – Só sei que tira a gente daqui rápido e garante que não volta mais.
E isso mesmo – disse ele, as sobrancelhas assim muito arqueadas, enquanto olhava pra mim. – é bem assim, 6655321. É claro que ainda está na fase experimental, no momento. É muito simples, mas muito drástica.
Mas está sendo usada aqui, não está, reverendo? – disse eu. – Aqueles prédios brancos novos, assim perto da muralha sul, reverendo. Nós víamos aquilo sendo construído enquanto estava fazendo exercício, reverendo.
Ainda não foram usados – disse ele –, não nesta prisão, 6655321. O Próprio tem sérias dúvidas a respeito. O problema é saber se uma técnica assim pode tornar alguém bom. A bondade vem de dentro, 6655321. A bondade é uma coisa que se escolhe. Quando alguém não pode escolher, deixa de ser humano. – Ele bem que ia continuar com muito mais quel desse tipo, mas já se esluchava a nova leva de plenes marchando planque planque planque pelas escadas de ferro abaixo, pra receber o seu naquinho de Religião. Ele falou: – Nós vamos bater um papo sobre isso noutra hora. Agora é melhor você botar o solo de órgão pra tocar. – Aí, eu voltei pro estéreo estarre e botei o prelúdio Wachet Auf do J. S. Bach, e aqueles delinquentes pervertidos, gréjines, vonentos e filhos da puta chegaram arrastando os pés como um bando de macacos alquebrados, os guardas ou tchassos latindo pra eles e chocoteando. E em breve, o carlitos da prisão estava perguntando: – Qual vai ser o programa, hein? – E foi aí que vocês chegaram.
Nós tivemos assim quatro dessas lontiques de Religião nas Prisões naquela manhã, mas o charles não falou mais nada sobre a tal de Técnica Ludovico, fosse lá o que fosse, ó meus irmãos. Quando eu terminei a minha rabitagem com o estéreo, ele só me govoritou alguns eslovos de agradecimento e aí eu fui privoditado de volta à cela da galeria 6, que era o meu próprio lar, vonento e entulhado. O tchasso não era um veque tão mau assim, e não me dava toltchoques nem pontapés quando abria a porta, apenas dizia; “Pronto, filhinho, cá está você de volta pro poço.” E lá estava eu com os meus novos drugues, todos muito criminosos, mas, Bog seja louvado, não dados a perversões corporais. Tinha Zophar, no seu catre, um veque muito magro e escuro, que falava, falava, falava, com uma voz assim muito cancerenta, portanto ninguém se dava ao trabalho de esluchar. O que ele estava falando agora era: “E naquele tempo, tu não conseguia agarrar um pogue” (fosse lá isso o que fosse, irmãos), “não se tu tivesse que entregar dois milhões de arquibaldos; então o que foi que eu fiz, hein? Eu desci até o Turkey's e disse que tinha aquele esprugue na manhã seguinte, e aí o que é que ele podia fazer?” Era aquela gíria de delinquente muito antiga, que ele falava. Tinha também o Muro, que tinha um glazinho só e estava arrancando pedaços de unha de pé, pra comemorar o domingo. Tinha também o Judeuzão, um veque muito gordo e suarento, caído prostrado no catre como morto. Em seguida tinha o Jojohn e o Doutor. Jojohn era muito maldoso, astuto e agitadinho e tinha assim se especializado em Estupro, e o Doutor tinha alegado ser capaz de curar sífilis, gonô e corrimento, mas só injetava água e tinha também matado duas devótchecas em vez de, como havia prometido, livrá-las dos seus fardos indesejáveis. Era um bando realmente gréjine, terrível, e eu não gostava de estar junto com eles, ó meus irmãos, não mais do que vocês agora, mas não vai ser por muito tempo.
Agora, o que eu quero que vocês saibam é que esta cela tinha sido destinada a três pessoas, quando foi construída, mas nós éramos seis lã dentro, todos amontoados, suados e apertados. E essa era a situação de todas as celas em todas as prisões naquele tempo, irmãos, e era uma vergonha imunda e quelenta, que não havia um lugar decente prum tcheloveque esticar os membros. E vocês mal vão acreditar no que eu vou lhes contar agora, que é que naquele domingo brosataram mais um plene lá dentro. E, a gente tinha comido a nossa píchetcha horrorosa de bolinhos e cozido vonento, e estava fumando um câncer tranqtiilo, cada um no seu catre, quando aquele veque foi jogado no meio da gente. Era um veque estarre e queixudo e foi ele quem começou critchando reclamações, antes mesmo que a gente tivesse chance de videar a posição. Ele tentou sacudir as grades, critechando: – Eu exijo a porra dos meus direitos, isso aqui tá lotado, é um abuso escroto, isso é o que é! – Mas um dos tchassos voltou pra dizer que ele ia ter que se arrumar como pudesse e dividir um catre com quem quisesse deixar, que de outro modo ia ter que ser no chão mesmo. – E – disse o carcereiro – vai ser pior. Um mundo criminoso muito sujo é o que essa cambada criminosa de vocês está tentando construir.

Anthony Burgess, in Laranja Mecânica

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