Procure
embaixo de sua saudade,
um
beijo meu.
Em
algum instante da despedida
ele
se perdeu,
mergulhado,
talvez,
numa
lágrima perdida.
Não
possui nada de especial:
a
dose de açúcar
que
no beijo é natural,
a
tepidez de toda boca,
a
umidade das várias emoções.
Com
uma certa tendência
a
contravenções,
é
melhor que seja procurado
em
lugares proibidos,
onde
ele pense jamais ser encontrado.
Carrega
de um lado
uma
meia-tristeza conquistada
nos
desatinos de uma noite,
daquelas
em que a lua vem quebrada;
do
outro lado, um sorriso
de
quem sabe como chupar estrelas.
Sobraram-lhe
sequelas e aderências
das
muitas experiências
de
quem já foi bolinar o paraíso.
Se
for capaz de encontrá-lo,
devolva
prontamente,
pois
é evidente a falta que ele faz.
Mas
é preciso que você fique bem ciente
de
que beijo, uma vez que é devolvido,
não
retorna ao dono antigo nunca mais.
Flora Figueiredo, in Amor a céu aberto
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