segunda-feira, 1 de janeiro de 2024

A corrente do esforço humano



Certo episódio como epígrafe

Faz pouco mais de um ano, em uma das minhas raras idas ao Rio, cidade sem tantas reservas e preconceitos como São Paulo, fui convidado por um amigo para comer rabada à moda da casa num restaurante típico, bem sujinho por sinal. Meu amigo se fez acompanhar então de um editor carioca especializado na publicação de obras científicas. Cara pálida, o editor, mal se sentou à mesa, começou a discorrer exasperado sobre a precariedade das nossas condições médico-cirúrgicas (soube depois que ele, gravemente enfermo, estava desenganado), passando daí, extensivamente, a invectivar contra o brasileiro. Como a rabada demorava, na primeira brecha arrisquei uma tímida explicação, cujo único pecado foi eu misturar uns parcos condimentos de sociologia e economia no meu papo, dizendo sempre, enquanto me referia à nossa suposta comunidade: “Nós… nós… nós…”. E não tinha desfiado mais do que três contas de um rosário sobejamente conhecido, quando o editor carioca, sempre abatido, me cortou com estranha vitalidade:
Nós, não. Eu sou europeu!”

Me lembro que em Pindorama, pequena cidade do interior paulista onde nasci e passei a infância, me lembro que até as mínimas coisas de uso trivial, como agulhas de coser, fossem de mão (inglesas) ou de máquina (alemãs), as coisas todas do dia a dia só eram boas, como de fato eram, se fossem estrangeiras. Os produtos alemães gozavam naqueles anos 40 de um prestígio especial. A marca Solingen, de tesouras e outros artefatos de metal, era conhecida do mais remoto homem da área rural. Aos brasileiros, na época, era permitida uma autoconfiança na qualidade da sua produção agrícola e das matérias-primas em geral que eram exportadas para os países industrializados.
No campo da produção cultural, as coisas se passavam mais ou menos do mesmo modo. Apesar do movimento vigoroso, mas incipiente (como incipiente a indústria de manufatura), no sentido de se imprimir um caráter próprio ao que fazíamos, continuávamos importando ou copiando o que era feito lá fora, sobretudo na França. Os brasileiros, além de confiarem no seu futebol, podiam se sentir seguros da sua música popular, do seu Carnaval exuberante, quando as escolas de samba, compostas no grosso por pretos, com passistas e requebros admiráveis, rendiam inclusive homenagem à aristocracia, desfilando nas ruas com fantasias de reis e rainhas.
Podiam acreditar também na excelência de um samba que tematizasse a beleza da “mulata”, as crenças afro-brasileiras, ou a miséria descarnada das favelas, realidades fascinantes sobretudo para estrangeiros à procura de manifestações “exóticas”, no caso cuidadosamente patrocinadas pela classe dominante nacional.
Manufaturados ou cultura, preferíamos então quase tudo que viesse de fora, do estrangeiro, da Europa. E o reverso dessas preferências não era só o desprezo pelo que produzíamos aqui, o reverso era também grande desrespeito por nós mesmos: éramos um povo indolente, lasso de costumes, de pouca inventividade, e outras pechas que maliciosamente nos atribuíam e que aceitávamos em decorrência de uma mitologia racial e de uma mitologia dos trópicos. Aquelas preferências confirmavam pois essas mitologias concebidas por europeus e introduzidas aos poucos entre nós, desde os primórdios pela catequese dos colonizadores e, depois, pela mediação da classe dominante brasileira, que se fazia educar na metrópole. Tanto que ainda hoje, quando alguma cidade do Sul do país se cobre de branco, em um desses raros dias de frio intenso, o orgulho nacional sobe uns graus em certos corações, desaparecendo com a mesma rapidez com que a neve se funde. Com a mesma exorbitância em relação ao clima, ou à etnia, passava-se conclusivamente na época da qualidade do produto para a avaliação do homem: bom era o produto importado, bom era o homem estrangeiro (europeu); ruim era o produto nacional, ruim era o próprio brasileiro. Interpretávamos corretamente então o papel que nos destinavam no contexto internacional. Com sua indústria tosca, o Brasil, em cada cidade ou vila, respondia eloquentemente a certa concepção racial, sentindo-se inferior. Mesmo porque o Brasil, ao mesmo tempo branco, negro e indígena, mas sobretudo pardo, não podia atender aos discutíveis padrões somáticos dos povos brancos supostamente superiores. É claro que, revigorados nas suas tradições racistas, ou então contaminados pela ideologia racial em voga, muitos brasileiros brancos deveriam ora sofrer a nostalgia de uma geografia perdida ora afagar no íntimo (embora nem sempre tão discretamente) suas origens europeias. Mas isso já é uma outra história.

Naqueles anos 40, o mundo estava sendo sacudido, os velhos impérios se desmoronando, novos polos de poder emergindo, novos impérios se esboçando, mas para nós prevalecia a estrutura de costume: o centro do mundo era a Europa (Paris o seu umbigo), o Brasil era parte da periferia, devendo ter os olhos submissos sempre voltados para a matriz. Matriz ao mesmo tempo única e polivalente, qualquer coisa assim beirando uma entidade atemporal, com nada antes, nem depois.

Apesar das mudanças ocorridas no pós-guerra, fossem as transformações no plano interno brasileiro, sobretudo a implantação de um parque industrial, fundamentado numa siderurgia própria e na transferência de técnicas devidamente acompanhadas de capitais estrangeiros altamente recicláveis; fosse o deslocamento dos polos de poder no plano internacional (URSS e EUA, mesmo com suas características e idiossincrasias culturais, seriam percebidos como prolongamento e desdobramento europeus, respectivamente); fossem enfim as transformações ocorridas na própria Europa (perda de hegemonia, situação política um tanto a reboque, “modernização” do seu velho colonialismo através das multinacionais etc.), o prestígio europeu ainda é enorme. Seja pelo seu acervo cultural, mais respeitado talvez que qualquer outro, ou pela sua matreirice política, capaz de lhe emprestar uns ares de autonomia e maturidade, a Europa desenvolvida de hoje continua como um dos referenciais do nosso “atraso”. Ainda recentemente, o humorista brasileiro Henfil, relatando uma viagem de volta, afirmou que saiu da Europa em 1980 e chegou ao Brasil em 1935.

A distância é sem dúvida grande, provavelmente até maior que a sugerida, desde que não se questione a noção de “progresso”, e que se aceite candidamente a Europa como referência, daí que o poeta brasileiro Carlos Drummond de Andrade, aludindo ao potencial destruidor da tecnologia, afirmou: “Isso não é civilização, francamente; isso é uma porcaria”.

Seja como for, nossas atitudes mudaram ou continuaram mudando nessas quatro décadas. No Brasil tropical, é maior hoje o número de brasileiros que não levam a sério o preconceito quanto ao clima como fator impeditivo de realizações, pelo contrário. O Egito antigo, também tropical, construiu — da perspectiva europeia — uma “grande civilização”. E, note-se, o povo egípcio da Antiguidade não era branco, uma informação que nos foi sonegada pelos manuais escolares. Aliás, é maior hoje, no Brasil multirracial, o número de brasileiros que não se sentem inferiores com sua cor ou com sua mestiçagem, vislumbrando-se na miscigenação uma das nossas melhores contribuições. Sabemos que os europeus, quanto à etnia, são também formados por grupos híbridos, como certas espigas de milho; como de resto foram híbridos todos os grupos humanos das chamadas “grandes civilizações” anteriores. Inclusive a cultura europeia, impregnada de judaísmo e cristianismo, não é mais que o desenvolvimento de uma complexa mistura de elementos provenientes de várias fontes, ou seja, ideias de outras geografias migraram para lá como a migração das andorinhas. Se a imagem é muito lírica, não abarcando ideias inquietantes, digamos que houve também por muitos séculos uma dispersão de vespas em plagas europeias. É bom lembrar que o sucesso europeu, sobretudo nórdico, que não se confunde com as civilizações mediterrâneas da Antiguidade (a Grécia antiga tinha vínculos inclusive com culturas orientais), é fenômeno recente. Na Idade Média, que a ótica dos historiadores ocidentais insiste — com tanto mouro pela frente — em só ver uma idade de trevas, os nórdicos, hoje mencionados como protótipo de “civilizados”, eram povos que estavam se iniciando na história dos vencedores.
Nossas atitudes continuam mudando, embora essas mudanças não possam ser generalizadas, longe disso. O consumidor comum, que não faz turismo no exterior, se é que alguma vez faz pelo Brasil, não costuma pensar em produtos importados e adquire sem relutância o que é fabricado atualmente no país. E cada vez mais cidadãos brasileiros vão introduzindo componentes sociais e políticos nos critérios de avaliação do que é produzido aqui, em geral de qualidade inferior ao similar de lá fora, mesmo quando a marca é multinacional, e é quase sempre. Compreendemos cada vez mais essas diferenças de qualidade, e concluímos cada vez menos nossa suposta inferioridade humana, excluídas as elites brancas. Suspeita-se também cada vez mais que o florescimento cultural de uma nação — respeitado o seu próprio esforço — só acontece com o seu domínio sobre outros povos. É só virar a cabeça sobre o ombro e olhar para trás. Por sinal, a expressão civilized world, tão cara aos ingleses educados, e que inevitavelmente marca os discursos presidenciais americanos, tem muito a ver com sua atuação, não exatamente edificante, entre os povos da “periferia”. A esse propósito, muitos historiadores revelam uma irresistível vocação para o luxo ao exaltarem as realizações dos “grandes homens”, das “grandes civilizações”, sem passarem pelo “anonimato” e pela “periferia”. “Grandes em quê? Grandes por quê? Grandes em relação a quê?” questiona a pensadora brasileira Marilena Chaui. “Grandes e poderosos, isto é, os dominantes, cuja ‘grandeza’ depende sempre da exploração e dominação dos ‘pequenos’”, sem direito à História. Daí que o homem comum assim como os povos periféricos jamais tiveram seus nomes inscritos como vencedores. Entretanto, quando se entra em uma residência bem posta, é legítimo perguntar, diante do orgulho do dono da casa, onde estão os anônimos que assentaram os tijolos. Como seria legítimo perguntar, num giro pelos países desenvolvidos, onde estão os povos, humilhados e ofendidos, que concorreram para o seu brilho.
Dramatizando um pouco mais, mas nunca o suficiente, seria interessante inventariar o que propiciou os grandes surtos culturais, sempre percebidos como expressões maiores da inteligência e da sensibilidade. Quem levasse a cabo essa tarefa só haveria de ouvir gemidos.
Sem a menor dúvida, os colonizadores europeus poderiam realizar sua “tarefa histórica” sem maiores rodeios — a ferro e fogo — como efetivamente fizeram. Coube porém a intelectuais europeus, o que choca mas não surpreende, elaborar uma imagem dos povos que justificasse e legitimasse essa dominação, convertendo-a em “tarefa civilizatória”.
Já no século XVI, o reverendo pe. Sepúlveda justificava o Império Espanhol nas Américas, declarando que o estado de pecado dos nativos faria deles, por um lado, objetos de catequese e, por outro, “instrumentos dotados de voz” (nome dado por Aristóteles aos escravos). Depois do “bom selvagem” de Rousseau, houve o Sexta-Feira de Defoe, um nativo bem menor que o grande Robinson que “criou o mundo do nada”. Melhor que a teologia e o romance, a ciência europeia realizou o seu papel legitimador: além das teorias raciais que privilegiavam o homem branco, a sociologia alemã subestimou o homem dos trópicos ao trabalhar uma explicação sobre o desenvolvimento dos povos a partir das condições geográficas; a antropologia social francesa explicou a “mentalidade primitiva” como pré-lógica; e os pensadores liberais provaram, num passe de mágica, que o liberalismo era verdadeiro na Europa e falso nas colônias.
Para ficarmos bem perto dos nossos dias, não foram os psicólogos sociais americanos que demonstraram que os orientais — os vietnamitas, of course —, devido à grande densidade demográfica, não valorizam a vida, acham a morte algo banal, e desconhecem a dor por ela causada? É de se supor que essas ideias, e muitas outras, foram em parte concebidas pelo pietismo cristão dos europeus, em parte pelo humanismo renascentista, e em parte sob a luz do Iluminismo, cujo clarão permitiu aprimorar também a racionalidade do capitalismo. Sem se confundirem com vespas, menos ainda como andorinhas, aquelas ideias todas migraram até nós, desde os primórdios, como aves de mau agouro, mas sobretudo como aves de rapina. Quebraram o nosso moral, levando-nos a recusar nossas próprias potencialidades humanas, tornando-nos dóceis e servis diante da vontade do colonizador. Aliás, ainda hoje, apesar de mudanças de atitudes, brasileiros, inclusive letrados, continuam a interiorizar ideias colonialistas, não tão grosseiras quanto as ostensivamente racistas. “Este não é um país sério” repete-se com frequência de norte a sul, e quem sabe até com certa exorbitância semântica, o que De Gaulle disse por ocasião da “Guerra da Lagosta”, quando Brasil e França disputavam sobre a pesca em águas territoriais brasileiras.
Homem por excelência da “grandeur” (mereceu uma cama de tamanho especial quando visitou o Brasil), De Gaulle, além de uma envergadura de dois metros, e não obstante autêntico estadista, resvalou no piadismo: existiriam países sérios e países que não são sérios.
Seríamos contudo parciais se não reconhecêssemos que muitos dos antídotos contra a ideologia colonialista nos foram fornecidos por europeus. Nesse sentido, se antes falamos de um modo um tanto pejorativo em importação e cópia, seria agora o momento de falarmos — sem arremedos — em absorção do que interessaria à suposta comunidade brasileira e a que tem legitimamente “direito”, seja à reflexão, à pesquisa, ou às conquistas técnicas (já que certas opções não teriam retorno) realizadas na Europa. Afinal, descartáveis ou não, as ideias são universais, no sentido de que sua produção dependeu da “periferia”, dos “pequenos”, de onde o acervo cultural, pelo menos, não ser patrimônio só da “matriz”, dos “grandes”, pertencendo antes à corrente do esforço humano, marcado por tantos erros e alguns acertos, sempre comovente quando percebido no seu conjunto.
Como comovente seria uma esteira ladeada por catadeiras de café, procurando deitar fora os grãos estragados e só deixando passar os sadios, reabastecendo-se no seu curso para repor os grãos sadios que porventura se estragassem com o tempo. Importaria então fazer uma triagem escrupulosa da “cultura europeia” para não se incorrer no cochilo do autor de Os sertões, marco do pensamento voltado para a terra e o homem brasileiros.
Mesmo com claras intenções científicas, afirmando inclusive que “o sertanejo é, antes de tudo, um forte”, Euclides da Cunha deixou passar um grão virulentamente contagioso ao endossar a inferioridade racial da mestiçagem, confundido talvez por seus predecessores que escreviam a história do Brasil (Varnhagen, em especial), assim como por seus contemporâneos da imprensa, em geral porta-vozes eficientes dos preconceitos europeus.

Brasil, país do futuro.” Num país de 120 milhões de habitantes, a mesma minoria, que domina no plano interno o grosso da população, se empenharia em reproduzir no plano externo o modelo de dominação. Tentando dar existência àquela profecia dos anos 40, enunciada por Stefan Zweig, um europeu, profecia que veio crescendo no mesmo ritmo da industrialização do país, os últimos governos de exceção acabaram por transferir suas obsessões a um suposto Brasil que, nas suas fantasias precoces de menino, vinha se apresentando sem qualquer pudor ao mundo como “potência emergente”. E quem fala em “potência”, segundo o jargão dos moralistas, está pensando na obscenidade do poder, investido de autoridade. A maioria dominante, por sinal, dividida, na medida em que é ameaçada, entre a cooperação com o capital estrangeiro e o posicionamento nacionalista, não só adotou a ideologia do desenvolvimentismo (o país tem de crescer a qualquer custo, conforme a concepção do “Brasil Grande”), mas ao mesmo tempo começou a incomodar, no plano externo, alguns humildes vizinhos sul-americanos, tentando por outro lado atravessar ousadamente o Atlântico, de olho numa fatia da África, exportando em manufaturados quase o equivalente ao que exporta em matérias-primas, vislumbrando até, no incipiente comércio de armas, uma galinha de ovos de ouro, sem falar que ensaia, de lápis sobre a orelha, uma meia dúzia de multinacionais. Dizem que o “milagre” acabou, mas o que não acabou e nem vai acabar é o sonho de grandeza: haverá com certeza novas arrancadas. E depois, é tudo tão imprevisível que até uma surpresa apocalíptica, aí pelo meio da década, pode dar uma ajuda generosa aos imediatistas da grandeza nacional.
No campo da produção cultural, a autoconfiança aumentou muito nas últimas décadas, fundamentada em parte nas atividades intelectuais, que se esforçam intensamente em esboçar a fisionomia brasileira, procurando descolonizar-se mentalmente, insistindo em que devemos nos voltar para a nossa realidade, tentando afirmar com decisão nossa própria personalidade, no que vêm conseguindo resultados realmente consideráveis. Mas, a longo prazo, tudo no fim converge, não importam os motivos: em meio à miséria de hoje, essas mesmas atividades, sobretudo as artísticas, mal suspeitam que já podem estar modelando a máscara de futuros homens arrogantes.

O pecado original. Pensando nas atuais hegemonias, ou nas futuras, e em como foram, são, ou serão transitórias tantas hegemonias ao longo da História (afinal, o que é um século, o que é um milênio, o que é qualquer medida como segmento de tempo?), somos remetidos para as inevitáveis relações de poder, sempre investidas de autoritarismo.
Supondo-se que todo homem seja portador de uma exigência ética, não há como estar de acordo com a dominação de uns sobre outros. Penso, como muitos, que seja possível imaginar caminhos diferentes para as relações entre indivíduos e entre povos, e penso mesmo que não existe nada mais belo e comovente do que perseguir utopias. Só que não seria fácil resistir à crença, como não se resiste a uma paixão, de que, em certo sentido, o homem é uma obra acabada, marcado não só pela sua experiência passada, mas marcado sobretudo — e definitivamente — pela sua dependência absoluta de valores, coluna vertebral de toda “ordem”, e encarnação por excelência das relações de poder. Incapaz de dispensá-los ao tentar organizar-se, é este o seu estigma; sempre às voltas com valores, vive aí sua grande aventura, mas também sua prisão. Pode ao reorganizar-se arrefecer desequilíbrios entre dominadores e dominados, pode inclusive subverter a “ordem” estabelecida, mas estaria sempre reproduzindo a estrutura de poder.
Se é assim, é também mais ou menos óbvio que, entre os dominados, só os tolos se comprometem com a “ordem” que os subjuga. Aos lúcidos, como sugeriu um pensador do século passado, tudo seria permitido.

Raduan Nassar, in Obra Completa

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