Blackbird
Compositores:
Paul McCartney e John Lennon
Artista:
The Beatles
Gravação:
Abbey Road Studios, Londres
Lançamento:
The Beatles, 1968
Blackbird
singing in the dead of night
Take
these broken wings and learn to fly
All
your life, you were only waiting
For
this moment to arise
Blackbird
singing in the dead of night
Take
these sunken eyes and learn to see
All
your life, you were only waiting
For
this moment to be free
Blackbird
fly
Blackbird
fly
Into
the light
Of
a dark black night
Blackbird
singing in the dead of night
Take
these broken wings and learn to fly
All
your life, you were only waiting
For
this moment to arise
You
were only waiting
For
this moment to arise
You
were only waiting
For
this moment to arise.
O
poeta Adrian Mitchell e eu éramos bons amigos, e quando escrevi um
livrinho de poemas chamado Blackbird Singing [no Brasil, O
canto do pássaro-preto], Adrian me ajudou no processo. Foi
editado por Bob Weil, que também trabalha comigo neste livro.
Comecei a fazer recitais para promover o livro e perguntei a Adrian:
“O que você faz num recital? Só declama os seus poemas?”. Ele
me respondeu: “Bem, se você tiver uma história interessante sobre
o poema, sempre é uma boa maneira de fazer a introdução. Depois
pode ler o poema”.
A
letra de “Blackbird” era
um dos textos que eu planejava ler e me lembrei de duas histórias
sobre ela. Uma tinha a ver com a música, o trechinho do violão que
faz parte dela, onde a letra diz “Blackbird singing in the dead
of night”. Era algo que George Harrison e eu tocávamos em
festinhas quando éramos meninos, uma peça para alaúde de Johann
Sebastian Bach. Admirávamos o dedilhado de Chet Atkins,
principalmente na faixa chamada “Trambone”, que também foi
tocada por Colin Manley, da banda The Remo Four. Eles começaram em
Liverpool na mesma época que os Beatles.
A
outra história tem a ver com “blackbird”, o melro-preto,
ser uma gíria para “jovem negra”. Tenho plena consciência de
que Liverpool foi um porto de escravos e que também abrigou a
primeira comunidade caribenha na Inglaterra. Por isso, conhecíamos
muitos negros, em particular no mundo musical, como Lord Woodbine,
cantor de calipso e promotor de eventos que administrava bares em
Liverpool, incluindo o New Cabaret Artists’ Club, onde tocamos na
época do The Silver Beetles, e o Derry, do Derry and The Seniors,
grupo que abriu o caminho para nós em Hamburgo.
Quando
eu compus “Blackbird”, em 1968, eu tinha plena consciência das
graves tensões raciais nos Estados Unidos. No ano anterior, 1967, os
ânimos se acirraram, mas em 1968 a coisa piorou. A canção foi
composta semanas após o assassinato de Martin Luther King. As
imagens contidas na letra (asas quebradas, olhos encovados, anseio
geral por liberdade) têm muito a ver com esse momento.
E
o conselho de Adrian Mitchell sobre a importância de fazer uma
introdução ao ler uma poesia teve outro desfecho. Em meus shows
rotineiros, passei cada vez mais a contextualizar as canções,
contando algumas das histórias por trás delas. Acho que o público
realmente aprecia descobrir um novo ângulo na atmosfera planetária
da canção e, assim, dar uma espiada no lado oculto da Lua.
Paul McCartney, in As Letras: 1956 até o presente
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