Nasce
o Sol, e não dura mais que um dia,
Depois
da Luz se segue a noite escura,
Em
tristes sombras morre a formosura,
Em
contínuas tristezas a alegria.
Porém
se acaba o Sol, por que nascia?
Se
formosa a Luz é, por que não dura?
Como
a beleza assim se transfigura?
Como
o gosto da pena assim se fia?
Mas
no Sol, e na Luz, falte a firmeza,
Na
formosura não se dê constância,
E
na alegria sinta-se tristeza.
Começa
o mundo enfim pela ignorância,
E
tem qualquer dos bens por natureza
A
firmeza somente na inconstância.
Gregório de Matos, in Antologia Poética
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