Procurando
possibilidades visuais na linguagem, Kerouac combinou sua prosa
espontânea com esboços, técnica que lhe foi sugerida por Ed White,
amigo do tempo da Universidade de Colúmbia nos anos 40: “Por que
você não faz esboços nas ruas como um pintor, mas com palavras?”.
“‘Mantenha
o olho FIXAMENTE no objeto’, para haicai”, exortou-se em seus
cadernos de anotações. “ESCREVA HAICAIS E ENTÃO PINTE A CENA
DESCREVENDO-OS!” Ele também comparou o bom haicai à boa pintura.
O melhor haicai lhe dava “a sensação que tenho olhando para uma
grande pintura de Van Gogh, está lá & você não pode dizer ou
fazer nada a respeito, exceto olhar, consternado diante do poder de
olhar”.
Kerouac
também reconheceu a cesura ou corte proposital do haicai japonês
como chave para seu som e sentido. Citando Shakespeare em um caderno
de anotações de 1963, Kerouac escreveu: “‘pássaros parados
pensando na neve’ (combinando a ideia, assim como o som da elipse
de um haicai JAP), sempre me perguntei de onde ele tirava esse som? &
sempre penso, é disso que gosto em S, quando ele faz uma farra na
grande noite do mundo”. A extraordinária justaposição
frequentemente notada nos esboços em prosa de Kerouac – em Visões
de Cody (escrito em 1951 e 1952, uma parte publicada em 1959 como
Visions of Neal), Doctor Sax (escrito em julho de 1952,
publicado em 1959) e “October in the Railroad Earth”
(1952) – evoca especialmente o espírito do haicai, mesmo antes de
ele mergulhar plenamente em sua composição.
Regina Weinreich, in Jack Kerouac – Livro de Haicais
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