Suicida-se
o noivo de Carmela,
antes
noivo de Isaura.
Desfeito
o primeiro compromisso,
Carmela
esperava-o do alto da sacada.
Para
entrar, não precisa bater palmas
o
amor. De uma rua
a
outra rua, transita, pesquisando.
É
Carmela a escolhida. E agora o noivo mata-se
com
insabido veneno, sem uma palavra.
Duas
moças vivendo a morte muda.
Nenhuma
vai ao enterro. Proibido
chorar
em público morte de infiel.
Cada
uma em seu quarto solteiríssimo,
escurecido
em quarto de viúva.
Isaura:
Se não havia de ser meu,
nenhum
dedo terá sua aliança.
Carmela:
Todas duas fomos derrotadas
ou
ninguém perdeu,
ganhou
ninguém?
As
fronhas são esponjas
de
lágrimas secretas.
Carlos Drummond de Andrade, in Boitempo – Esquecer para lembrar
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