sexta-feira, 11 de agosto de 2023

Crítica

CARLOS E aí? Foi bom pra você?
BARBARA Você quer uma opinião curta ou uma crítica aprofundada?
CARLOS Acho que pode ser aprofundada.
BARBARA Fui jantar com Carlos sem grandes esperanças — não era nem de longe o mais bonito do escritório, tampouco era o mais inteligente ou o mais engraçado. Já sabia que a foda não seria espetacular, mas um recente pé na bunda me fez aceitar a aventura — não esperava por tanta mediocridade. A foda começou bem. As preliminares, de modo geral, ocorreram com modéstia e humildade, sem traços de preciosismo na chupação ou excessos de manipulação anal. Carlos encarou minha fenda com a coragem de um amador — vê-se que lhe falta prática, mas o afinco com que ele compensa a inabilidade com a língua não deixa de ser comovente. A verdadeira decepção se deu na penetração propriamente dita: a rola de Carlos não diz a que veio. Falta cadência no meter. É claro que havia na jeba uma angulação diagonal que não favorecia a carimbação frenética — mas, houvesse mais perícia, a buceta faria vista grossa pro direcionamento da benga. O texto também não ajuda. Carlos repetia diversas vezes, de forma mecânica, a frase: “isso, sua vagabunda”, mostrando pouco conhecimento do baixo calão e denotando certo machismo antiquado. A iluminação tampouco contribui: a luz fria de teto ressalta a calvície de Carlos, galopante. Lá pelo minuto oito, a fodelança se mecanizou e minha cabeça foi parar no Hortifruti — onde talvez um pepino aveludado pudesse de novo umidificar meus grandes lábios. Gozei baldes lembrando de Robson, que trabalha no caixa. Resultado: uma foda medíocre, que como comédia não diverte e como drama não emociona. Melhor assistir à reprise de Cabocla no Canal Viva.
CARLOS Acho que eu preferia a opção curta.
BARBARA Ah. Gostei.

Gregório Duvivier, in Put some farofa

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