Não
me espantam esses escritores que são, evidentemente, o genuíno
produto do meio. Mas os que são um produto contra o meio. Exemplo?
Um Edgar Allan Poe. E, entre nós, Machado de Assis.
Quanto
ao velho Machado, direis que o seu temário, a sua vivência, que o
seu meio, em suma, nada podia ser mais brasileiro.
O
seu meio, sim; mas os seus meios, não. O próprio estilo dele
(delícia minha) decerto que se afigurava, aos frondosos escritores
da época, um verdadeiro antiestilo. Cruzes! Seria ele o Anticristo?
E
fico a imaginar o que teria dito, então, o Coelho Netto para o Graça
Aranha:
— Não
há de ser nada, meu velho, não há de ser nada... A nossa salvação
é o Ruy Barbosa.
Mário Quintana, in Caderno H
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