quinta-feira, 29 de junho de 2023

O meio e os meios

Não me espantam esses escritores que são, evidentemente, o genuíno produto do meio. Mas os que são um produto contra o meio. Exemplo? Um Edgar Allan Poe. E, entre nós, Machado de Assis.
Quanto ao velho Machado, direis que o seu temário, a sua vivência, que o seu meio, em suma, nada podia ser mais brasileiro.
O seu meio, sim; mas os seus meios, não. O próprio estilo dele (delícia minha) decerto que se afigurava, aos frondosos escritores da época, um verdadeiro antiestilo. Cruzes! Seria ele o Anticristo?
E fico a imaginar o que teria dito, então, o Coelho Netto para o Graça Aranha:
Não há de ser nada, meu velho, não há de ser nada... A nossa salvação é o Ruy Barbosa.

Mário Quintana, in Caderno H

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