Em
agosto de 1976, quebrado pelo fracasso comercial do festival de rock
Som, Sol e Surf, em Saquarema, o jornalista, letrista e produtor
Nelson Motta (1944) teve a chance de abrir a discoteca Frenetic
Dancin’ Days no recém-inaugurado Shopping da Gávea, no Rio de
Janeiro.
A
Dancin’ Days só poderia durar quatro meses porque ocuparia um
espaço já vendido para o futuro Teatro dos Quatro, emprestado a
Nelson de graça pela administradora do shopping ainda desconhecido
para tentar promovê-lo. Mas se tornaria uma lenda das noites
cariocas, como um ponto de alegria e dança, e o símbolo máximo da
era disco no Brasil. Foi também ali que nasceu o sexteto Frenéticas
(Sandra Pêra, Dudu Morais, Lidoka, Leiloca, Edyr de Castro e Regina
Chaves), que se tornou um espetacular sucesso popular a partir de
1977.
Inicialmente,
elas seriam apenas garçonetes. Mas as garotas pediram para, no fim
da noite, subir ao palco como Frenéticas e cantar três ou quatro
músicas, escolhidas por Nelson e ensaiadas por Roberto de Carvalho.
Era tudo improvisado e despretensioso, mas, logo na estreia, o
sucesso foi tão grande que elas tiveram que aumentar o repertório a
cada noite e se tornaram a grande atração da casa, que lotava de
domingo a domingo para vê-las cantar.
Quatro
meses triunfais depois, a Dancin’ Days virava história, mas as
Frenéticas, contratadas pela Warner e produzidas por Liminha,
estouravam vários hits dançantes nas rádios e televisões. Da
noite para o dia, viraram as grandes estrelas da disco music
brasileira, não como imitações da disco americana, mas com
elementos de rock and roll, escola de samba e teatro de revista, além
de uma linguagem irreverente e provocativa.
Pouco
depois, Nelson foi chamado à TV Globo pelo autor Gilberto Braga e
pelo diretor Daniel Filho, que estavam começando a produção de uma
novela ambientada na era disco carioca. Para eles, só poderia se
chamar Dancin’ Days, então a TV Globo negociou os direitos
da marca com Nelson, e Daniel lhe encomendou o tema de abertura.
Feita
em parceria com Ruban Barra, pianista da banda das Frenéticas, em
pouco mais de uma hora, no clima de excessos da era disco, como se
estivessem doidões no Dancin’ Days, a música tinha uma batida
superdançante e um refrão irresistível, era um chamado para a
festa, popularizando expressões como “caia na gandaia” e “livre,
leve e solta”.
Nascia
um hino de alegria que, ao longo dos anos e de gerações,
continuaria lotando as pistas de todas as festas.
Nelson Motta, in 101 canções que tocaram o Brasil
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