segunda-feira, 5 de junho de 2023

Dancin’ days | Ruban Barra e Nelson Motta, 1978


Em agosto de 1976, quebrado pelo fracasso comercial do festival de rock Som, Sol e Surf, em Saquarema, o jornalista, letrista e produtor Nelson Motta (1944) teve a chance de abrir a discoteca Frenetic Dancin’ Days no recém-inaugurado Shopping da Gávea, no Rio de Janeiro.
A Dancin’ Days só poderia durar quatro meses porque ocuparia um espaço já vendido para o futuro Teatro dos Quatro, emprestado a Nelson de graça pela administradora do shopping ainda desconhecido para tentar promovê-lo. Mas se tornaria uma lenda das noites cariocas, como um ponto de alegria e dança, e o símbolo máximo da era disco no Brasil. Foi também ali que nasceu o sexteto Frenéticas (Sandra Pêra, Dudu Morais, Lidoka, Leiloca, Edyr de Castro e Regina Chaves), que se tornou um espetacular sucesso popular a partir de 1977.
Inicialmente, elas seriam apenas garçonetes. Mas as garotas pediram para, no fim da noite, subir ao palco como Frenéticas e cantar três ou quatro músicas, escolhidas por Nelson e ensaiadas por Roberto de Carvalho. Era tudo improvisado e despretensioso, mas, logo na estreia, o sucesso foi tão grande que elas tiveram que aumentar o repertório a cada noite e se tornaram a grande atração da casa, que lotava de domingo a domingo para vê-las cantar.
Quatro meses triunfais depois, a Dancin’ Days virava história, mas as Frenéticas, contratadas pela Warner e produzidas por Liminha, estouravam vários hits dançantes nas rádios e televisões. Da noite para o dia, viraram as grandes estrelas da disco music brasileira, não como imitações da disco americana, mas com elementos de rock and roll, escola de samba e teatro de revista, além de uma linguagem irreverente e provocativa.
Pouco depois, Nelson foi chamado à TV Globo pelo autor Gilberto Braga e pelo diretor Daniel Filho, que estavam começando a produção de uma novela ambientada na era disco carioca. Para eles, só poderia se chamar Dancin’ Days, então a TV Globo negociou os direitos da marca com Nelson, e Daniel lhe encomendou o tema de abertura.
Feita em parceria com Ruban Barra, pianista da banda das Frenéticas, em pouco mais de uma hora, no clima de excessos da era disco, como se estivessem doidões no Dancin’ Days, a música tinha uma batida superdançante e um refrão irresistível, era um chamado para a festa, popularizando expressões como “caia na gandaia” e “livre, leve e solta”.
Nascia um hino de alegria que, ao longo dos anos e de gerações, continuaria lotando as pistas de todas as festas.

Nelson Motta, in 101 canções que tocaram o Brasil

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