— O
mais triste do vento do deserto é que é um vento analfabeto —
dizia um vento da cidade a uma tabuleta oscilante.
— Não
— rinchava a tabuleta —, o mais triste do vento do deserto é que
ele não tem recordações.
— Sempre
sentimental, essa velha pintada... — pensou consigo o vento da
cidade, passando adiante.
O
vento da cidade era um pedante.
O
lampião da esquina não dizia nada: ardia de febre.
Mário Quintana, in Caderno H
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