É
um chalé com alpendre,
forrado
de hera.
Na
sala,
tem
uma gravura de Natal com neve.
Não
tem lugar pra esta casa em ruas que se conhecem.
Mas
afirmo que tem janelas,
claridade
de lâmpada atravessando o vidro,
um
noivo que ronda a casa
— esta
que parece sombria —
e
uma noiva lá dentro que sou eu.
É
uma casa de esquina, indestrutível.
Moro
nela quando lembro,
quando
quero acendo o fogo,
as
torneiras jorram,
eu
fico esperando o noivo, na minha casa aquecida.
Não
fica em bairro esta casa
infensa
à demolição.
Fica
num modo tristonho de certos entardeceres,
quando
o que um corpo deseja é outro corpo pra escavar.
Uma
ideia de exílio e túnel.
Adélia Prado, in O Coração Disparado
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