domingo, 2 de abril de 2023

Capítulos de Minhas Memórias Sexuais II


Eu comia um feijão por ali mesmo na Saúde, e subia a ladeira pra levar e dar porrada na Zuleika. Nós nos amávamos loucamente. A verdade é que no meio da ladeira eu já estava em ereção total. Andei um tempão encucado: será que amo Zuleika loucamente ou sou chegado a transas sado-masô? A gente brigava pra cacete. Levei pontos, botei gesso, mandei minha flor pro CTI do Souza Aguiar... Com o tempo, a paixão arrefeceu, a porrada foi diminuindo, mas continuei freqüentando a área da saúde da Zuleika com o mastro mais embandeirado que aquele de Brasília. Temi que as garras bestiais do sexo me mantivessem acorrentado à Zuleika para sempre. Rezei reza à beça, fiz uma promessa, segui procissããããoooo, e nada.
Um dia, Zuleika, meu grande amor na área da Saúde veio a falecer por problemas na área da saúde. Um camundongo, disfarçado em administrador de emergência, infiltrou-se na operação de períneo dela. O Estado custeou as exéquias e mandou uma coroa, Dona Lindalva Bastos Armendáriz, uns 48 anos, base do PDT no cemitério do Caju. Tornamo-nos íntimos, atrás do anjo de um jazigo perpétuo, mas não atingi o grau de ereção necessário pra molhar o biscoito. Lindalva também foi um anjo:
Isso acontece, nego. Teu estado emocional tá prejudicando o badalo. Não vamos nos dispersar. Fica com meu endereço: Ladeira dos Tabajaras, 17, apartamento 1001.
Foi só ela falar e eu tive um orgasmo. Ah, abismos insondáveis da sexualidade! Eu não amava Zuleika! Eu tenho tesão em ladeira.

Aldir Blanc, in Brasil passado a sujo

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