Tom
Jobim teve grandes parceiros, como Vinicius de Moraes, Newton
Mendonça e Chico Buarque, mas também fazia letras muito bem e, a
partir de um momento de sua carreira, passou a assinar sozinho cerca
de 40 canções, não só em português como em inglês, entre elas
vários clássicos, como “Wave”.
Inicialmente
em versão instrumental, “Wave” batizou o quarto disco solo de
Jobim, gravado entre maio e junho de 1967 no Van Gelder Studio, em
Nova Jersey. No ano seguinte, já com sua letra e a participação no
arranjo, a canção foi gravada pelo grupo vocal Quarteto 004 no
Brasil. Em seguida, “Wave” iria abrir e fechar o pot-pourri
“Tributo a Tom Jobim”, ao lado de “Fotografia” e “Outra
vez”, faixa do disco Elis especial, de Elis Regina. Desde
então, essa onda não parou de bater, incluída no repertório de
inúmeros intérpretes ao redor do mundo.
Ao
contrário dos discos anteriores de Tom – todos feitos por
encomenda de gravadoras americanas, reunindo regravações de seus
sucessos –, o repertório de Wave era quase todo inédito.
Muitas das novas músicas foram escritas durante uma longa temporada
em Los Angeles, enquanto aguardava o início das gravações de
Francis Albert Sinatra & Antonio Carlos Jobim, que foi
finalizado em janeiro de 1967. Nesse período, saudoso do Rio e da
família, incomodado com o clima árido e seco da região, ele compôs
uma safra que incluiu a bela canção “Triste” (com o célebre
verso “tua beleza é um avião”) e os temas instrumentais
“Batidinha”, “The red blouse”, “Antigua”, “Captain
Bacardi” e “Mojave”.
A
frase “Vou te contar”, que abre a canção e também virou o
subtítulo de “Wave”, foi uma sugestão de Chico Buarque, com
quem Tom começava a trabalhar em parceria. A partir daí, escreveu a
letra toda. Meses depois, fez a impecável versão em inglês,
gravada por grandes vozes da canção americana.
Nelson Motta, in 101 canções que tocaram o Brasil
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