Todas
as coisas estão envelopadas de tal forma que parecem ininteligíveis
para diversos filósofos, incluindo os melhores e os próprios
Estoicos. O nosso assentimento também é mutável, pois onde está o
homem que nunca muda?
Leve
seus pensamentos para os próprios objetos. Examine a efemeridade e a
inutilidade deles. Podem estar na posse de um degenerado, de uma
prostituta ou de um ladrão. Em seguida, volte-se para a moral
daqueles com quem convive. É provável que não consiga aturar nem
mesmo o mais agradável deles — para não citar o quão difícil é
se suportar.
Em
meio a tal escuridão e sujeira — uma corrente constante de
substância, tempo, movimento e objetos movidos—, não consigo
imaginar algo que valha a pena ser altamente valorizado ou buscado.
Pelo contrário: é dever do homem se confortar, aguardar a
dissolução natural, não se irritar com a demora e descansar apenas
nestes preceitos:
I.
Nada incompatível com a natureza universal ocorrerá comigo.
II.
Está em meu poder nunca contrariar deus e o meu gênio interior, e
nenhum homem é capaz de me compelir a isso.
Marco Aurélio, in Meditações
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