Certo
homem, após servir ao próximo, está pronto para cobrá-lo pelo
serviço prestado. Outro não o cobra, porém o registra na memória
como devedor e sabe que o serviu. Um terceiro, de certa forma, nem
sequer considera o que fez um serviço, tal como uma videira que
produziu uvas nada mais busca depois de ter frutificado
adequadamente.
Tal
qual o cavalo, ao correr, o cão, ao caçar e a abelha, ao melificar,
o homem, ao fazer o bem, não se vangloria do que fez. Em vez disso,
apenas avança para o próximo bom ato, como uma videira que
frutifica a cada nova estação.
“Então
o homem deve agir como aqueles que agem sem perceber?”
Sim!
“Mas
o homem deve desenvolver uma percepção referente ao que faz, pois,
pode-se dizer, é característico do animal sociável perceber que
está trabalhando socialmente e, inclusive, esperar que seu parceiro
também perceba.”
Tem
razão, mas você não entendeu direito o que foi dito. Por isso,
acabará se tornando um daqueles que mencionei, enganados por uma
lógica aparente. Por outro lado, caso opte por entender do jeito
correto, esse motivo não o fará ter receio de omitir qualquer ato
social.
Marco Aurélio, in Meditações
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