A
dissertação nada-a-ver de hoje é: no que o sexo e o futebol se
parecem?
No
futebol, como no sexo, as pessoas suam ao mesmo tempo, avançam e
recuam, quase sempre vão pelo meio mas também caem para um lado ou
para o outro e às vezes há um deslocamento. Nos dois é
importantíssimo ter jogo de cintura.
No
sexo, como no futebol, muitas vezes acontece um cotovelaço no olho
sem querer, ou um desentendimento que acaba em expulsão. Aí um vai
para o chuveiro mais cedo.
Dizem
que a única diferença entre uma festa de amasso e a cobrança de um
escanteio é que na grande área não tem música, porque o
agarramento é o mesmo, e no escanteio também tem gente que fica
quase sem roupa. Também dizem que uma das diferenças entre o
futebol e o sexo é a diferença entre camiseta e camisinha. Mas a
camisinha, como a camiseta, também não distingue, ela tanto pode
vestir um craque como um medíocre. No sexo, como no futebol, você
amacia no peito, bota no chão, cadência, e tem que ter uma
explicação pronta na saída para o caso de não dar certo. No
futebol, como no sexo, tem gente que se benze antes de entrar e
sempre sai ofegante.
No
sexo, como no futebol, tem o feijão com arroz, mas também tem o
requintado, a firula e o lance de efeito. E, claro, o lençol. No
sexo também tem gente que vai direto no calcanhar.
E
tanto no sexo quanto no futebol o som que mais se ouve é aquele
“uuu”.
No
fim, sexo e futebol só são diferentes, mesmo, em duas coisas. No
futebol, não pode usar as mãos. E o sexo, graças a Deus, não é
organizado pela CBF.
Luís Fernando Veríssimo, in Sexo na cabeça
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