Certa
vez, quando se realizava um garden-party num dos castelos da
Inglaterra, compareceu um distinto ancião, muito bem-posto e apoiado
na sua bengala. E, para constrangimento de todos, olhava detidamente
na cara de cada um, como se se tratasse de um bicho ou de uma coisa.
E como alguém indagasse quem era, respondeu o anfitrião que se
tratava do romancista Sir Bulwer-Lytton, já completamente gagá e
que se considerava invisível.
Gagá?
Mas o que ele estava realizando era o ideal de todo verdadeiro
romancista: ser isento de quaisquer inibições, de respeitos de
qualquer ordem, e ver portanto imparcialmente o mundo. Não
embelezar, não reformar, não polemizar: — ver!
Mário Quintana, in Caderno H
Nenhum comentário:
Postar um comentário