sexta-feira, 26 de agosto de 2022

Eu sei que vou te amar | Tom Jobim e Vinicius de Moraes, 1958


Lançada em 1958, no momento em que a bossa nova começava a revolucionar a música brasileira, esta canção logo se tornou uma das mais gravadas da dupla Tom e Vinicius. Tradicional e romântica em termos musicais e poéticos, “Eu sei que vou te amar” tinha pouco em comum com o estilo que foi sintetizado pela voz e o violão de João Gilberto. Sua letra e sua melodia são desesperadamente românticas, distantes do suingue seco e sincopado, das harmonias dissonantes e das letras coloquiais de Vinicius, cantando a leveza da vida no paraíso carioca.
Mas tanto Tom Jobim quanto Vinicius de Moraes nunca se restringiram a esses temas ou ao samba como a única base musical, transitando com liberdade por modinhas, valsas, choros, boleros, afro-sambas, sambas-canção.
O primeiro registro da música é de Sol Stein e seu Conjunto, no LP Boate em sua casa, Vol. 1 – Encontro no Au Bon Gourmet, em 1958, sem qualquer repercussão. No ano seguinte, também não foi bem-sucedida com Lenita Bruno, cantora de formação lírica, casada com o maestro e arranjador Leo Peracchi, que deu a “Eu sei que vou te amar” uma interpretação entre uma ária de ópera e um standard de musical da Broadway. Só 35 anos depois, quando finalmente João Gilberto gravou a sua longamente amadurecida versão no disco Ao vivo – Eu sei que vou te amar (1995), a canção ganhou sua versão definitiva, mais próxima da bossa nova, como já tinha sido antecipado, em 1978, por Caetano Veloso, discípulo aplicado de João Gilberto, no disco Muito.
Dos mais bregas aos mais chiques, são incontáveis os intérpretes de “Eu sei que vou te amar”, que se impõe pela melodia arrebatadora e pela poética apaixonada de Vinicius, como a mais popular música de casamentos em todo o Brasil.
Em 2008 recebeu belíssima versão de Roberto Carlos nas comemorações dos 50 anos da bossa nova. Em 2014, cantada por Ana Carolina, foi sucesso de novo como tema de abertura da novela Em família. Foi cantada a meia-voz pela multidão no funeral de Tom Jobim.

Nelson Motta, in 101 canções que tocaram o Brasil

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