Uma
vez, da janela, vi um homem
que
estava prestes a morrer,
comendo
banana amassada.
A
linha do seu queixo era já de fronteiras,
mas
ele não sabia, ou sabia?
Como
posso saber?
Comia,
achando gostoso,
me
oferecendo corriqueiro, todavia
inopinado
perguntou
— ou
perguntou comum como das outras vezes? —
como
será a ressurreição da carne?
É
como nós já sabemos, eu lhe disse,
tudo
como é aqui, mas sem as ruindades.
‘Que
mistério profundo!’ ele falou
e
falou mais, graças a Deus,
pousando
o prato.
Adélia Prado, in Bagagem
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