Sia
Rosaura tirava a dentadura para comer
Por
isso ela tinha o sorriso postiço mais sincero da minha rua
Dona
Maruca fazia uns biscoitinhos minúsculos, estalantes e secos
chamados mentirinhas
Eduviges
era pálida e lia romances lacrimosos de Perez Escrich
Tanto
suspirou em cima deles que acabou fugindo com um caixeiro-viajante
O
tempo se desenrolava como um rio por entre as casas de porta e janela
Pequenas
vidas
Pequenos
sonhos
Na
noite imensa as estrelas eram como girândolas brancas que houvessem
parado
Sentados
à porta
— dois
santos, dois mágicos, dois sábios —
meu
velho Tio Libório e o velho farmacêutico
propunham-se
e compunham charadas
que
depois orgulhosamente remetiam sob nomes supostos
para
o grande anuário estatístico recreativo e literário da capital do
Estado.
Mário Quintana, in Esconderijos do tempo
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