Maria
anda como eu:
Impossibilitada
de fazer
tudo
o que quer.
Tem
mãos amarradas,
ar
de doente, olhar de demente,
cansada.
Maria
vai acabar como eu:
covarde
nas decisões,
amante
das cousas indefinidas
e
querendo compreender suicidas.
Maria
vai acabar assim sem rumo,
andando
por aí,
fazendo
versos
e
tendo acessos
nostálgicos.
Maria
vai acabar
bem
tristemente.
De
qualquer jeito,
lendo
jornais,
tendo
marido
indefinido.
(Não
sei por que Maria
quer
compreender
muito,
demais,
a
vida do suicida.
E
Maria vai acabar
se
fartando da vida.)
A
vida, coitada,
é
camarada, gosta de Maria,
quer
fazer Maria viver mais,
porque
Maria é desgraçada.
Quer
deixá-la para o fim,
assim
à mostra,
e
eu francamente não entendo
por
que Maria não gosta
da
vida.
Hilda Hilst, in Baladas
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