Joaquim
João era artista de teatro.
Dava
as mãos à Julietinha Marra e cantava ‘adeus-amor’.
Fiquei
picada de inquieto mel.
Às
onze Joaquim subia do serviço
com
o paletó jogado num ombro só. Escondida eu cantava
‘adeus-amor’,
com direta intenção e longo fôlego.
Joaquim
virava a cabeça ao esganiçado código
e
eu cantava mais alto. Um dia, o melhor, se virou duas vezes.
Eu
descia da árvore, macaca sentimental, e ia
fazer
xixi na calcinha, só para experimentar,
desenhar
cinco salamão, rezar o anjo
do
Senhor anunciou a Maria e ela concebeu,
o
que era igual Letícia vindo brincar,
o
hálito saborosíssimo de concebolas.
Adélia Prado, in Bagagem
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