Vez
por outra ela duvida
até
do nosso amor,
fazendo
drama e falando
como
quem sente uma dor:
– “Um
dia, quando eu morrer,
é
que tu vai aprender
e
talvez me dar valor.”
Por
mais que exista amor,
por
mais que exista afeto,
um
fato que deixa a gente
preocupado
e inquieto
é
quando a mãe pronuncia
sem
nenhuma alegria
o
nosso nome completo!
Quando
a gente quer sair,
bate
um receio profundo.
Pede
à mãe cheio de medo
e
nesse exato segundo
diz
que “todo mundo vai”
e
a resposta dela sai:
– “Você
não é todo mundo!”
Tem
outra situação
difícil
e muito adversa.
Às
vezes no mei da rua
a
mãe também é perversa
quando
ela aponta o dedinho
e
diz assim bem baixinho:
– “Em
casa a gente conversa.”
Por
mais que a gente estude,
que
tenha dedicação,
o
boletim todo azul
ela
olha com atenção
e
fala sem gaguejar:
– “Tem
mesmo é que estudar.
Não
fez mais que a obrigação!”
Se
acaso a gente perder
coisa
boba ou coisa rara,
ela
ativa um radar
potente
que nunca para
e
diz: – “Se eu for procurar,
garanto
que vou achar
e
esfregar na sua cara.”
Quando
a gente chega perto,
faz
um carinho qualquer,
e
diz: – “Mãe, vou te amar
enquanto
vida tiver!”
Ela
responde ligeiro:
– “Hoje
eu não tenho dinheiro.
Diga
logo o que tu quer!”
Coisa
de mãe é dizer:
– Você
vai se machucar.
– Cadê
o troco, menino?
– Mais
tarde vai esfriar.
– Só
vou contar até três!
– Bagunçou,
vai arrumar.
– Já
pegou o guarda-chuva?
– Eu
não sou sua empregada.
– Engole
esse choro agora!
– Eu
nunca estou enganada.
– Na
volta a gente compra.
– Você
não ajuda em nada!
Coisa
de mãe é ser cura
pra
aliviar qualquer dor.
Coisa
de mãe é o abraço
mais
forte e mais protetor.
Coisa
de mãe é cuidar,
coisa
de mãe é amor.
Bráulio Bessa, in Um carinho na alma
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