“Ai
cigana, ciganinha,
ciganinha,
meu amor.”
Quando
escutei essa cantiga
era
hora do almoço, há muitos anos.
A
voz da mulher cantando vinha de uma cozinha,
ai
ciganinha, a voz de bambu rachado
continua
tinindo, esganiçada, linda,
viaja
pra dentro de mim, o meu ouvido cada vez melhor.
Canta,
canta, mulher, vai polindo o cristal,
canta
mais, canta que eu acho minha mãe,
meu
vestido estampado, meu pai tirando bóia da panela,
canta
que eu acho minha vida.
Adélia Prado, in Bagagem
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