A poesia me salvará.
Falo constrangida, porque só Jesus
Cristo é o Salvador, conforme escreveu
um homem — sem coação alguma —
atrás de um crucifixo que trouxe de
lembrança
de Congonhas do Campo.
No entanto, repito, a poesia me salvará.
Por ela entendo a paixão
que Ele teve por nós, morrendo na cruz.
Ela me salvará, porque o roxo
das flores debruçado na cerca
perdoa a moça do seu feio corpo.
Nela, a Virgem Maria e os santos
consentem
no meu caminho apócrifo de entender a
palavra
pelo seu reverso, captar a mensagem
pelo arauto, conforme sejam suas mãos e
olhos.
Ela me salvará. Não falo aos quatro
ventos,
porque temo os doutores, a excomunhão
e o escândalo dos fracos. A Deus não
temo.
Que outra coisa ela é senão Sua Face
atingida
da brutalidade das coisas?
Adélia Prado
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