O falso dilema é um argumento que
apresenta apenas duas categorias possíveis e parte do princípio de
que tudo no âmbito da discussão deva pertencer somente a uma ou a
outra destas possibilidades opostas. Assim, ao rejeitar uma das
opções, a pessoa não teria alternativa a não ser aceitar a outra.
Por exemplo: “Na guerra ao fanatismo, não há neutralidade: ou
você está do nosso lado, ou está com os extremistas.” Na
realidade, há uma terceira opção, a de estar neutro; e uma quarta,
de ser contra os dois lados; e ainda uma quinta opção, de concordar
com razões de ambos.
O livro The Strangest Man,
biografia do gênio da física quântica Paul Dirac, escrito por
Graham Farmelo, reproduz uma divertida parábola contada pelo físico
Ernest Rutherford: Um homem comprou um papagaio numa loja de animais,
mas depois voltou pedindo outro, porque o pássaro não falava. O
gerente da loja não quis fazer a troca, mas depois de várias outras
visitas e reclamações do cliente, ele finalmente cedeu. “Ah, é
mesmo! Você queria um papagaio falante. Por favor, me perdoe. Eu lhe
dei um papagaio pensante.” Rutherford estava claramente aludindo à
personalidade silenciosa e genial de Dirac, mas é possível imaginar
que alguém usaria tal linha de raciocínio para sugerir que ou
alguém é silencioso e pensador, ou é falante e imbecil.
Ali Almossawi, in O livro ilustrado dos maus argumentos
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