sexta-feira, 2 de abril de 2021

Falso dilema

O falso dilema é um argumento que apresenta apenas duas categorias possíveis e parte do princípio de que tudo no âmbito da discussão deva pertencer somente a uma ou a outra destas possibilidades opostas. Assim, ao rejeitar uma das opções, a pessoa não teria alternativa a não ser aceitar a outra. Por exemplo: “Na guerra ao fanatismo, não há neutralidade: ou você está do nosso lado, ou está com os extremistas.” Na realidade, há uma terceira opção, a de estar neutro; e uma quarta, de ser contra os dois lados; e ainda uma quinta opção, de concordar com razões de ambos.
O livro The Strangest Man, biografia do gênio da física quântica Paul Dirac, escrito por Graham Farmelo, reproduz uma divertida parábola contada pelo físico Ernest Rutherford: Um homem comprou um papagaio numa loja de animais, mas depois voltou pedindo outro, porque o pássaro não falava. O gerente da loja não quis fazer a troca, mas depois de várias outras visitas e reclamações do cliente, ele finalmente cedeu. “Ah, é mesmo! Você queria um papagaio falante. Por favor, me perdoe. Eu lhe dei um papagaio pensante.” Rutherford estava claramente aludindo à personalidade silenciosa e genial de Dirac, mas é possível imaginar que alguém usaria tal linha de raciocínio para sugerir que ou alguém é silencioso e pensador, ou é falante e imbecil.

Ali Almossawi, in O livro ilustrado dos maus argumentos

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