O cão está ganindo para a lua.
Romantismo? Pura azia... — alguma daquelas abomináveis gulodices
de festas de casamento abocanhada numa lata de lixo.
A lua, essa continua sonâmbula como
sempre. Ela não sabe, a eternamente virgem, das titiquinhas que por
lá deixaram uns escafandros do ar; ela não sabe, ela nunca soube
das serenatas que — ainda e sempre e semprerão — cantam-lhe aqui
da terra os poetas por demais meninos e os poetas muito velhos.
Ela não sabe, a eternamente inédita,
que cada encontro seu é como um assalto na esquina... e, no entanto,
é como se a gente topasse cara a cara com a própria alma!
Mário Quintana, in A vaca e o hipogrifo
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