quinta-feira, 29 de outubro de 2020

Alquimia e farmácia

           Certo dia, o califa Alma’mún disse ao alquimista Yúçuf:
Ai de ti, Yúçuf! A alquimia não serve para nada!
Ele respondeu:
Serve sim, ó comandante dos crentes! O problema é que a desgraça da alquimia é a farmácia.
O califa perguntou:
Ai de ti! E como é isso?
Yúçuf respondeu:
Quando se pede alguma coisa aos farmacêuticos, eles afirmam que a têm, mesmo que não tenham, e empurram qualquer outra coisa de que disponham dizendo: “Eis aqui o que você pediu”. Se o comandante dos crentes quiser, poderá criar um nome qualquer e mandar pessoas a vários farmacêuticos para comprá-lo.
O califa respondeu:
Já forjei um nome, saqtitha.
Saqtitha é o nome de um vilarejo desconhecido nas cercanias de Bagdá. Alma’mún mandou um grupo de emissários à procura de saqtitha junto a vários farmacêuticos. Todos eles afirmaram possuir o produto e, cobrando o preço dos emissários, entregavam-lhes algo de que dispunham em seus estabelecimentos. Os emissários retornaram ao califa carregando coisas tão diversas entre si como sementes, pedaços de pedra e pelos.

Mamede Mustafa Jarouche, in Histórias para ler sem pressa

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