Alô,
Johann. Johann. Como as negrras do Nepal, tem. Das Ilhas Virrgens
também. É só irr. Feito as mocinhas da Guiana. Da prraia do Pina,
depois do hotel, é só irr. Prreparra a mala, Johann. Deixa a mala
prronta.
É
só vestirr o calçoão e a filmadorra. Darr uma piscadela boa. À
vista o Redentorr. O marr de Copacabana. Alô, Johann. É só irr,
Johann. Alô, Johann. Johann, irr.
Nosso
dinheirro salvarria, porr exemplo, as negrrinhas do Haiti. Barratas
como as negrras de Burrundi. Trouxe uma parra aqui, lembrra? Faz
tempo que eu trouxe uma parra aqui.
Ajudei
a prreserrvarr, no meu pescoço os den t es de marrfim. Hoje, ela
ganha ensinando ao povarréu de Berrlim. Em Mönchengladbach, dança.
Ganha a sorrte no samba.
A
gente acaba dando educação a esse povo, Johann. E um pouco de
esperrança. E herrança, Johann, como aquela que o nosso amigo
deixou parra as crrianças.
O
que serria dela sem mim, Johann, me diz. Eu é que noão quis mais
aquela infeliz. Pulei forra, como os pobrres de Cuba. Abandonei o
barrco. Nada mais de jet ski.
Você
ri, Johann, você ri? É verrdade. Antes que ela me mandasse parra a
Cochinchina. Nem sei se tem negrras na Cochinchina. Johann, alô.
Alô, Johann. Se tiverr, eu vou.
Sei.
Em todo canto tem. Júpiterr, Marrte. No burraco negrro, em toda
parrte. Ainda bem. O mundo é dos negrros. Alô, Johann. Tem, sim, e
estão nos esperrando.
Vamos?
O que não podemos é ficarr neste clima. Orra, é só passarr
prrotetorr. Quem manda serr muito brranco? Pensa, Johann. Salvadorr,
Salvadorr.
O
que não falta nesse mundo, Johann, é amorr.
Marcelino
Freire, in
Contos Negreiros
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