The
new black. Expressão inglesa que designa uma nova tendência,
algo que está tão na moda que poderia até mesmo funcionar como um
pretinho básico. Adoraria que este fosse um texto sobre jaqueta
jeans, mas não é.
“Se
prepare, Ruth, a agressividade nas redes sociais é algo que você
não pode imaginar.”
Foi
o que me disseram pouco antes da estreia do blog. Eu, fingindo não
estar com medo, balancei a cabeça positivamente como quem diz “Tô
sabendo, tô sabendo”. Mas, como diria Compadre Washington, “Sabe
de nada, inocente”.
Após
a publicação do meu segundo texto quase desisti de tudo. Eu
realmente não tinha dimensão do nível sem cabimento que as pessoas
poderiam atingir para atacar algo que na maioria das vezes nem mesmo
as provocou.
Há
muito tempo venho tentando digerir, mas não consigo. Achava que a
agressividade vinha só de alguns leitores meio pancadas. Engano meu.
Ela vem de todo lado: de quem lê, de quem não lê, de quem lê só
o título e até de quem escreve.
E
eu pensava que isso acontecia porque o computador torna as pessoas
intocáveis, assim como os carros, e que, por isso, elas canalizavam
toda a sua agressividade para as redes sociais ou o trânsito.
Engano
meu. Está generalizado, como uma peste que se espalha pelo país, e
ninguém faz nada para conter. Mesa de bar, fila de farmácia, ponto
de ônibus. Discursos de ódio e ignorância estão por toda parte.
Acho
que existe um erro de conceito. As pessoas passaram a utilizar a
agressividade como um artifício para aumentar a própria autoestima.
Como
as pessoas se sentem politizadas? Sendo agressivas.
Como
as pessoas se sentem informadas? Sendo agressivas.
Como
as pessoas se sentem engraçadas? Sendo agressivas.
Como
as pessoas se sentem menos ignorantes? Sendo agressivas.
Entendam:
pessoas inteligentes não jogam pedras. E pessoas equilibradas não
berram, nem mesmo via Caps lock. Sempre me vem à mente aquela
passagem de Sagarana, em que Augusto Matraga diz que vai para
o céu “nem que seja a porrete”. As pessoas tentam reduzir a
violência com agressividade. Tentam melhorar o país com
agressividade. Tentam educar os filhos com agressividade. Tentam
fazer justiça amarrando pessoas em postes. “Pra pedir silêncio eu
berro, pra fazer barulho eu mesma faço.” Será que um dia essa
gente vai entender que o antônimo de agressividade não é
passividade?
Mas
é assim que está sendo.
Porque
argumentar dá muito trabalho. Pesquisar então, nem se fala.
Articular um discurso está fora de questão. Tentar persuadir é
bobagem. E tolerar… Tolerar é um verbo morto. Agressividade is
the new black.
P.S.:
Ruth, repita comigo o mantra “Eu não leio comentários, eu não
posso ler comentários, eu não vou sobreviver se ficar lendo
comentários”. Ok, vamos ler só um comentário.
Ruth
Manus,
in
Um
dia ainda vamos rir de tudo isso
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